14 de jul 2025
Apostadores jovens enfrentam dificuldades financeiras por conta de jogos de azar
Cresce o vício em apostas online entre jovens no Brasil, com impacto econômico de R$ 117 bilhões e adiamento da educação superior.

Número de apostadores cresceu (Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo)
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Um estudo recente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) revela que 34% dos jovens apostadores no Brasil afirmam que precisam parar de apostar para ingressar na faculdade. O levantamento, que entrevistou 2.317 pessoas entre 18 e 35 anos, destaca que 52% dos jovens apostam regularmente, refletindo um aumento preocupante no vício em apostas online.
O crescimento das apostas online no Brasil é alarmante, com um aumento de 734,6% entre 2021 e 2024. Esse fenômeno impacta diretamente a economia, com o varejo perdendo R$ 117 bilhões em 2024 devido ao redirecionamento de recursos das famílias para as apostas. A maioria dos apostadores é composta por homens (85%) e a faixa etária predominante é entre 26 e 30 anos.
Perfil dos Apostadores
Os dados mostram que 38% dos apostadores pertencem à classe B e 37% à classe C, indicando uma forte adesão entre os estratos de renda intermediária. Além disso, 79% dos entrevistados dependem do salário do trabalho como principal fonte de renda, revelando a relação direta entre o orçamento familiar e os hábitos de aposta. A pesquisa também aponta que 14% dos alunos em instituições particulares atrasaram mensalidades ou trancaram cursos devido a gastos com apostas.
A situação é mais crítica nas regiões Nordeste e Sudeste, onde os jovens associam o adiamento da graduação às apostas online. Em contrapartida, Sul e Centro-Oeste apresentam menores proporções. O diretor geral da ABMES, Paulo Chanan, enfatiza que as apostas online se tornaram um obstáculo adicional para o acesso à educação superior, ressaltando a necessidade de políticas públicas que conscientizem os jovens sobre as responsabilidades financeiras.
Mecanismos do Vício
O neurocientista Alvaro Machado Dias, da Universidade Federal de São Paulo, explica que o vício em apostas se deve a um mecanismo psicológico. A esperança, que inicialmente motiva o ato de apostar, pode se transformar em um comportamento compulsivo, levando o indivíduo a apostar cada vez mais para evitar a sensação de mal-estar quando não o faz. Essa dinâmica exige uma análise cuidadosa das estratégias de regulação das apostas, que devem ir além da simples proibição ou liberação.


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