Governo se reúne com empresários para discutir tarifaço e mobilizar a sociedade

O governo brasileiro, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, inicia nesta terça-feira, 15, discussões com empresários da indústria e do agronegócio sobre os impactos do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida afetará produtos brasileiros exportados para os EUA e é vista como uma oportunidade para o governo mobilizar apoio popular em vista das eleições de 2026.

A estratégia de Lula inclui responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro pela decisão de Trump, buscando apoio entre eleitores de centro que não se identificam com o Partido dos Trabalhadores (PT) ou com os bolsonaristas. Auxiliares do presidente afirmaram que a narrativa deve enfatizar os efeitos negativos da sobretaxação, como o aumento do desemprego e a queda da atividade econômica. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que 110 mil trabalhadores podem ser demitidos caso as tarifas sejam implementadas.

Mobilização do Setor Produtivo

As reuniões de hoje, conduzidas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, visam consolidar dados sobre os impactos econômicos da medida. Às 10h, Alckmin se reunirá com representantes dos setores de aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças. Às 14h, o foco será em empresários dos setores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescados.

O governo pretende utilizar as informações coletadas para mostrar à sociedade os danos potenciais que a sobretaxação pode causar ao Brasil. A estratégia é resgatar o sentimento de nacionalismo, destacando que a medida prejudica o país e que bolsonaristas estão, de certa forma, "jogando contra". A mobilização busca elevar a popularidade de Lula ao associar eventuais prejuízos à gestão anterior.