Promessa de energia limpa para todos em 2030 ainda está distante de se concretizar

Cinco anos antes do prazo final da Agenda 2030 da ONU, o mundo ainda enfrenta desafios significativos para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 7 (ODS 7), que busca garantir acesso universal à energia limpa e sustentável. O relatório "Tracking SDG7", elaborado por diversas organizações, revela que 666 milhões de pessoas ainda não têm eletricidade, a maioria delas em áreas rurais da África Subsaariana.

A situação é alarmante em países como a República Centro-Africana, o Chade e o Congo, onde menos de 10% da população tem acesso à energia elétrica. Embora a taxa global de acesso tenha atingido 92%, o ritmo atual de expansão é insuficiente. Para cumprir a meta até 2030, seria necessário dobrar a velocidade de eletrificação.

Desafios no Acesso à Energia Limpa

Além da eletricidade, o uso de combustíveis limpos para cozinhar é igualmente preocupante. Em 2023, 2,1 bilhões de pessoas ainda dependem de lenha e carvão, especialmente em países menos desenvolvidos. Se a tendência continuar, estima-se que 1,8 bilhão de pessoas ainda estarão nessa situação em 2030.

A eficiência energética também apresenta progresso lento. Em 2022, a intensidade energética global caiu apenas 2,1%, sendo necessário dobrar esse desempenho até 2030 para atender às metas da ONU e do Acordo de Paris. As energias renováveis estão crescendo, mas ainda representam apenas 17,9% do consumo final de energia.

Necessidade de Financiamento

O financiamento para energia limpa é um dos principais obstáculos. Embora os fluxos internacionais de recursos públicos tenham crescido 29% em 2023, totalizando US$ 21,6 bilhões, esse valor ainda está abaixo do pico de 2016, que foi de US$ 28,4 bilhões. A maioria dos investimentos é baseada em dívida, dificultando o acesso ao capital para países mais vulneráveis.

Para alcançar o ODS 7, será necessário quadruplicar os investimentos em energia limpa até 2030, totalizando até US$ 4,5 trilhões anuais. Essa meta requer políticas públicas robustas, cooperação internacional e foco especial nos países que estão ficando para trás.