Siderurgia brasileira pode perder US$ 1,5 bilhão em exportações com tarifas de Trump

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimou que as novas tarifas de importação de aço dos Estados Unidos resultarão em uma perda de US$ 1,5 bilhão nas exportações do setor siderúrgico brasileiro e uma queda na produção de quase 700 mil toneladas. A nova taxação, que começou a valer nesta quarta-feira, afeta diretamente o Brasil, que enviou mais de 50% de suas exportações de aço para os EUA em 2024. Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea, destacou a importância do mercado americano para o aço brasileiro, afirmando que "é crucial lidar com essa questão".

Em resposta à nova situação, o Instituto Aço Brasil e suas empresas associadas expressaram esperança de que o governo brasileiro consiga dialogar com os EUA para reestabelecer as condições de importação que vigoraram durante o primeiro governo de Donald Trump, que incluíam cotas isentas de impostos. Durante essa gestão, foram permitidas 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e 687 mil toneladas de laminados sem taxas. Contudo, na última sexta-feira, os CEOs das três maiores siderúrgicas americanas pediram a Trump que não fizesse concessões nas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço, alegando que a troca por cotas não foi eficaz e que a manutenção das tarifas é uma questão de segurança nacional.

O estudo do Ipea prevê que as novas tarifas podem resultar em uma queda de 2,19% na produção de aço, uma contração de 11,27% nas exportações e uma redução de 1,09% nas importações. Ribeiro apontou que o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será residual, com uma diminuição de apenas -0,01% e -0,03% nas exportações totais. Ele defendeu a necessidade de negociações com o governo americano para reverter a nova taxação, ressaltando que o Brasil possui uma indústria siderúrgica robusta que exporta principalmente produtos semiacabados.

O Instituto Aço Brasil também enfatizou que a indústria brasileira representa 60% da demanda das usinas dos EUA por placas, totalizando 5,6 milhões de toneladas. A entidade alertou que a não reestabelecimento do acordo de importação resultará em perdas significativas não apenas para a indústria de aço brasileira, mas também para a americana.