Méliuz registra alta de 85% após transição para o mercado de bitcoin

Cansado da falta de reconhecimento do mercado, o fundador do Méliuz, Israel Salmen, decidiu transformar a empresa, tradicionalmente focada em cashback, em uma compradora de bitcoins. Essa mudança fez do Méliuz o maior detentor de criptoativos na América Latina, superando o Mercado Livre. Desde março, as ações da empresa tiveram uma valorização de 85,25%, alcançando uma cotação máxima próxima a R$ 11, um patamar que não era visto desde a estreia na Bolsa em 2020.

A transformação do modelo de negócios, embora vista como arriscada, está atraindo a atenção dos investidores. O diretor de estratégia bitcoin do Méliuz, Diego Kolling, afirmou que a mudança foi uma forma de reinjetar interesse nas ações da empresa. Desde o início do ano, as ações estavam abaixo de R$ 4, mesmo com melhorias operacionais. A alta do bitcoin, que acumulou cerca de 40% no mesmo período, também contribuiu para essa valorização.

Estratégia de Crescimento

Os analistas do BTG consideram que a nova abordagem com bitcoin na tesouraria é uma forma bem-sucedida de reinventar a história do Méliuz. A empresa pode levantar recursos no mercado para adquirir mais bitcoins, oferecendo aos investidores uma exposição ao criptoativo que pode resultar em retornos maiores. Contudo, essa estratégia traz riscos, já que as ações estão diretamente ligadas à volatilidade do bitcoin.

Recentemente, o Méliuz adquiriu US$ 28,61 milhões em bitcoins, fruto de uma oferta de ações de R$ 180 milhões realizada em junho. Os analistas do BTG projetam novas captações, com uma expectativa de transação de R$ 250 milhões até 2026. A estratégia de usar bitcoin como parte da tesouraria foi inspirada em modelos de empresas como a Strategy, que possui mais de US$ 62 bilhões em bitcoin.

Contexto do Mercado

O Méliuz já havia se beneficiado do aumento das compras online durante a pandemia, mas enfrentou dificuldades desde 2022. Apesar de ajustes e crescimento no negócio de cashback, as ações não retornaram aos patamares anteriores. Em dezembro de 2024, os papéis valiam menos do que o caixa da empresa, o que evidenciava a desvalorização no mercado. A nova estratégia pode ser a chave para reverter esse cenário e atrair novos investidores.