10 de jul 2025
Brasil enfrenta bilhões em perdas devido à dependência das big techs na guerra tarifária
EUA impõem tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, intensificando a dependência do Brasil em tecnologia estrangeira e gerando incertezas comerciais.

Data centers e escritórios de big techs americanas no Brasil: contratos bilionários de nuvem e software refletem a interdependência tecnológica entre os dois países em meio à tensão comercial (Foto: Reprodução)
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Após o anúncio de uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva expressou preocupações sobre um possível aumento do protecionismo entre as principais economias do mundo. A medida, que ainda precisa ser oficializada, afeta principalmente bens físicos, como soja e aço, mas revela uma dependência estrutural do Brasil em relação à tecnologia estrangeira.
Um estudo realizado por pesquisadores da USP, UnB e FGV aponta que, entre 2014 e 2025, o governo brasileiro gastou R$ 23 bilhões em contratos relacionados a software, serviços de computação em nuvem e segurança digital. Somente no último ano analisado, os gastos ultrapassaram R$ 10 bilhões. A Microsoft, Oracle, Google e Red Hat dominam o fornecimento desses serviços, com a Microsoft sozinha tendo firmado contratos federais que somam R$ 3,2 bilhões desde 2014.
Dependência Tecnológica
A dependência do Brasil em tecnologia estrangeira é acentuada pela utilização de plataformas que operam com códigos-fonte fechados e servidores localizados fora do país, sujeitos a legislações como o Cloud Act dos EUA. Embora a nova tarifa não incida diretamente sobre serviços digitais, a incerteza comercial impacta toda a cadeia produtiva, aumentando os custos com contratos anuais que são pagos em dólar.
Os gastos com tecnologia devem continuar a crescer. Até 2025, o governo prevê desembolsar R$ 6 bilhões em licenças de software, R$ 9 bilhões em serviços de nuvem e R$ 1,9 bilhão em segurança digital. Essa situação levanta questões sobre a estratégia nacional em tecnologia, já que a migração para alternativas locais pode ser complexa e custosa, criando um efeito de lock-in.
Relações Comerciais
Historicamente, o comércio entre Brasil e Estados Unidos é robusto, com os EUA sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. No primeiro trimestre de 2025, as trocas comerciais totalizaram cerca de US$ 20 bilhões, com um saldo favorável aos americanos de mais de US$ 650 milhões. Essa relação vai além das commodities, englobando investimentos diretos e cadeias produtivas integradas.
A nova tarifa, embora cause tensões diplomáticas, destaca a interconexão entre os dois países, especialmente no que diz respeito à dependência em tecnologia e serviços digitais. A situação atual exige uma análise cuidadosa das estratégias comerciais e tecnológicas do Brasil em um cenário global cada vez mais competitivo.
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