O setor de luxo europeu enfrenta crise e busca recuperar seu prestígio

A indústria do luxo na Europa, que inclui gigantes como LVMH e Kering, enfrenta um cenário desafiador após anos de crescimento robusto. A demanda, que havia disparado entre 2019 e 2023, agora mostra sinais de recessão, especialmente com a queda nas vendas na Ásia e a crescente "fatiga do luxo" entre os consumidores.

Os arrecadamentos do setor, que até então eram impulsionados por aumentos de preços, estão em declínio. Um relatório da McKinsey destaca que mais de 80% do crescimento nos últimos anos foi devido a esses aumentos, enquanto a demanda por volume foi mais modesta. Em 2024, a consideração de compra de marcas de luxo caiu 25% nos Estados Unidos, segundo pesquisa da YouGov.

Desafios e Mudanças

A desaceleração do consumo na China, que representa cerca de 30% do mercado global de luxo, é um dos principais fatores dessa crise. A incerteza econômica e o aumento das taxas de juros têm impactado o poder de compra dos consumidores. Christian Gattiker-Ericsson, da Julius Baer, observa que a demanda por bens de luxo está mudando, com consumidores priorizando experiências em vez de produtos materiais.

Além disso, a rápida expansão do setor nos últimos anos gerou uma sobreexposição das marcas, diluindo a exclusividade e a percepção de valor. As gerações mais jovens, especialmente a Geração Z, estão reavaliando suas relações com o luxo, o que pressiona as marcas a se adaptarem.

Perspectivas Futuras

Analistas da Bank of America preveem um cenário misto para o setor em 2025. A demanda local deve se manter, mas o turismo em regiões como Japão e Europa pode não compensar a queda nas vendas. O relatório também aponta que as marcas precisam reajustar suas estratégias de preços e focar em inovações que atraiam os consumidores.

Enquanto algumas marcas, como Hermès e Richemont, superam expectativas de vendas, outras, como LVMH e Kering, enfrentam quedas significativas. A divisão de moda da LVMH viu uma queda de 9% nas vendas, enquanto a Kering pode enfrentar uma nova retração após um primeiro trimestre com queda de 14%.

O futuro da indústria do luxo dependerá da capacidade das marcas de se reinventarem e de se adaptarem às novas demandas dos consumidores, que buscam não apenas produtos, mas experiências que agreguem valor às suas vidas.