'Vermes Radiantes' instiga reflexão sobre gentrificação sem moralizar público

O espetáculo "Vermes Radiantes", dirigido por Alexandre Dal Farra, está em cartaz no Sesc Pompeia, trazendo uma reflexão provocativa sobre gentrificação e desumanização. Com performances de Maria Eduarda de Carvalho e Rui Ricardo Diaz, a peça mistura humor e crítica social, questionando a responsabilidade do artista em abordar temas urgentes.

A trama gira em torno do casal Jill e Ollie, que comete crimes para conquistar a casa dos sonhos. A chegada da Srta. Dee, interpretada por Marco França, intensifica a narrativa, personificando a lógica cruel do sistema. A montagem, escrita por Philip Ridley e traduzida por Diego Teza, equilibra o confessional e o grotesco, criando um ambiente de reality show sobre a gentrificação.

A direção de Dal Farra é ágil e visualmente inventiva, utilizando cenários móveis e iluminação pulsante para refletir a moral dos personagens. A trilha sonora, também criada por França, adiciona uma camada extra à atmosfera, que oscila entre o festivo e o sombrio. O texto de Ridley ganha relevância no Brasil, onde a desigualdade e a especulação imobiliária são questões prementes.

Maria Eduarda de Carvalho destaca a importância do teatro como meio de transformação e reflexão. Para ela, "Vermes Radiantes" não apenas aborda a gentrificação, mas também a desumanização que permeia a sociedade. A atriz enfatiza que o processo criativo foi colaborativo, permitindo que todos os envolvidos contribuíssem para a construção dos personagens e da narrativa.

A peça, que provoca risos nervosos e reflexões profundas, permanece em cartaz até 10 de agosto, com apresentações de quinta a sábado às 20h e aos domingos às 18h. Os ingressos variam a partir de R$ 18 e podem ser adquiridos no site do Sesc ou nas bilheteiras das unidades.