App ajuda brasileiros a evitar deportações durante blitz da imigração nos EUA

Em meio à intensa ofensiva do governo dos Estados Unidos para expulsar imigrantes, comunidades brasileiras se organizam para evitar detenções e deportações. Uma estratégia identificada é o uso do aplicativo Padlet, onde a página Chismosas Sightings permite que usuários compartilhem locais de blitz da polícia de imigração. O mapa, mantido por um perfil anônimo chamado People Over Papers, é editável e começou a circular entre brasileiros nos EUA, refletindo o clima de pânico gerado pela política de imigração do presidente Donald Trump.

Embora os decretos de deportação se concentrem em imigrantes sem visto ou com antecedentes criminais, relatos indicam que cidadãos americanos e portadores de green card também estão sendo abordados. Felipe Alexandre, advogado especializado em imigração, destaca que muitos brasileiros têm medo de sair de casa, temendo serem detidos apenas por falarem português em público. Ele menciona que o ICE, durante operações, frequentemente realiza prisões colaterais, o que é considerado ilegal.

Para se proteger, imigrantes são aconselhados a portar documentos que comprovem sua legalidade no país, como solicitações de visto. Mesmo aqueles com processos de deportação podem evitar prisões se apresentarem notificações judiciais de audiências agendadas. Alexandre ressalta a importância de manter a calma e o direito ao silêncio durante as abordagens do ICE, enfatizando que a detenção não é obrigatória sem provas concretas.

Desde a posse de Trump, ao menos 88 brasileiros irregulares foram deportados. O retorno dos deportados ao Brasil gerou indignação, com passageiros desembarcando algemados. O governo brasileiro, embora critique a situação, evita confrontos diretos com os EUA. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros para discutir o tratamento de brasileiros, mas nenhuma decisão concreta foi tomada. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, condenou os "constrangimentos inaceitáveis" enfrentados pelos deportados, mas reafirmou a intenção de não provocar os Estados Unidos com críticas severas.