05 de jul 2025
Cúpula da ONU gera debates sobre igualdade de gênero e resultados para homens
Cúpula da ONU em Sevilla destaca necessidade urgente de R$ 420 bilhões anuais para promover igualdade de gênero no Sul Global.

Um grupo de mulheres indígenas pinta um telar na selva de Sarayaku, Equador, em 28 de junho de 2025 (Foto: JOSÉ JÁCOME/EFE)
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A cúpula da ONU em Sevilla destacou a desigualdade de gênero e a crise de financiamento que afeta mulheres e meninas no Sul Global. O evento apresentou o Compromisso de Sevilla, que busca integrar a perspectiva de gênero nos financiamentos, enfatizando a urgência de ações concretas.
De acordo com dados da ONU, são necessários mais de 420 bilhões de dólares anualmente para alcançar a igualdade de gênero apenas nos países do Sul Global. A diretora executiva adjunta de ONU Mulheres, Nyaradzayi Gumbonzvanda, alertou que a crise de financiamento é sem precedentes e, se não for revertida, comprometerá todos os objetivos de desenvolvimento até 2030. Gumbonzvanda destacou que as mulheres e meninas enfrentam pobreza, violência de gênero e exclusão nas decisões.
O Compromisso de Sevilla visa promover soluções que considerem questões de gênero em todo o programa de financiamento para o desenvolvimento. A ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa, elogiou o documento, que propõe aumentar a participação feminina em organismos financeiros internacionais e aborda a feminização da pobreza.
Desafios e Oportunidades
A cúpula também foi marcada pela ausência dos Estados Unidos, que se retirou das negociações devido a questões de gênero e financiamento. No entanto, a secretária geral da Associação de Estados do Caribe, Noemí Espinoza, afirmou que houve um "salto qualitativo", embora faltem mecanismos de implementação para traduzir compromissos em ações concretas.
Líderes presentes ressaltaram a necessidade de examinar as estruturas de poder e democratizar o desenvolvimento. Gumbonzvanda enfatizou que apenas 10% da ajuda oficial ao desenvolvimento beneficia diretamente as mulheres. Investir nelas é não apenas justo, mas também inteligente, gerando benefícios econômicos significativos.
A cúpula também abordou a questão dos cuidados não remunerados, que recaem majoritariamente sobre as mulheres. Um relatório da Oxfam indica que, se essas horas fossem pagas, representariam uma injeção de mais de 10 trilhões de euros na economia global. A ex-primeira-ministra do Senegal, Aminata Touré, destacou a necessidade de apoio masculino para implementar políticas que aliviem essa carga.
Caminhos para a Igualdade
A iniciativa de financiamento com perspectiva de gênero, apresentada por Espanha e ONU Mulheres, já conta com o apoio de mais de 15 governos e 20 organizações internacionais. O objetivo é institucionalizar a orçamentação com perspectiva de gênero em todos os ministérios e aumentar a participação do setor privado.
A economista Natalia Flores Garrido pediu um novo sistema de financiamento climático que considere as questões de gênero, já que as mulheres são desproporcionalmente afetadas pelas mudanças climáticas. A cúpula de Sevilla, portanto, não apenas destacou os desafios enfrentados por mulheres e meninas, mas também apresentou um caminho claro para a ação e transformação social.
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