Diretor-geral da PF classifica relatório sobre Bolsonaro como 'obra-prima' e destaca confiança de Lula

A espera na antessala do gabinete do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, é marcada pelo silêncio, resultado do reforço acústico implementado após sua nomeação em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rodrigues, que já havia sido responsável pela segurança de Lula durante a campanha de 2022, buscou garantir a confidencialidade de assuntos sensíveis, incluindo investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. A conclusão da apuração sobre uma suposta trama golpista resultou em um relatório de quase 900 páginas, que Rodrigues descreve como uma “obra-prima”.

O diretor-geral enfatiza que sua equipe, composta por cerca de 40 pessoas, não pré-condenou ninguém, mas coletou evidências suficientes para indiciar os envolvidos. Para aumentar a privacidade, Rodrigues optou por um ambiente mais despojado, removendo objetos de decoração e mantendo apenas alguns quadros e medalhas recebidas ao longo de sua carreira na PF. A modernização do gabinete inclui o uso de tecnologia, com despachos eletrônicos e três monitores conectados à mesa de trabalho.

Com 22 anos de experiência na PF, Rodrigues já ocupou diversas funções, incluindo a segurança de Dilma Rousseff durante as eleições de 2010 e a coordenação da segurança da Copa do Mundo de 2014. Desde a saída de Leandro Daiello em 2017, a PF não contava com um diretor-geral tão duradouro. Durante o governo anterior, a corporação enfrentou crises constantes, resultando em múltiplas trocas de liderança. Em contraste, Rodrigues desfruta de um ambiente mais estável e mantém uma relação profissional e de confiança com Lula, apesar das críticas passadas do presidente à PF.

Nos últimos meses, o jornal O GLOBO tem explorado a rotina de autoridades em Brasília, revelando detalhes sobre os gabinetes e a dinâmica do poder. A visita a esses espaços permite uma compreensão mais profunda das personalidades e decisões que moldam o país.