Partido japonês de extrema direita cresce e desafia o cenário político atual

O partido Sanseito conquistou 14 cadeiras na Câmara Alta do Japão nas eleições realizadas no último domingo, 20, tornando-se a terceira maior força de oposição. Fundado em 2020, o Sanseito ganhou notoriedade durante a pandemia ao disseminar teorias conspiratórias por meio de vídeos no YouTube.

Sob a liderança de Sohei Kamiya, o partido adotou a plataforma Japanese First, inspirada no slogan America First de Donald Trump. Kamiya afirmou que o objetivo não é expulsar estrangeiros, mas priorizar os interesses japoneses. A ascensão do Sanseito reflete o descontentamento com o Partido Liberal Democrático (PLD), que perdeu a maioria no Senado após uma série de derrotas.

O sucesso do Sanseito é um indicativo da insatisfação com a política tradicional e da eficácia das redes sociais na mobilização de eleitores. Apesar da imigração não ser a principal preocupação dos eleitores, o partido capitalizou o descontentamento com a economia e o aumento do turismo. O número de estrangeiros residentes no Japão atingiu 3,8 milhões em 2024, representando cerca de 3% da população.

Mudanças no Cenário Político

O governo de Shigeru Ishiba, primeiro-ministro e líder do PLD, enfrenta desafios para manter seu cargo, enquanto a extrema direita ganha espaço no Legislativo. Jeffrey Hall, professor de Estudos Japoneses, observa que a votação recente indica uma possibilidade de ascensão de uma direita populista no Japão.

Kamiya, ex-militar, tem atraído apoio com um discurso nacionalista e anti-imigração, afirmando que o Japão está se tornando uma "colônia" devido à influência de multinacionais. Ele critica a presença de estrangeiros e defende a limitação do número de residentes e visitantes. Além disso, o Sanseito propõe cortes de impostos e benefícios para famílias, enquanto critica políticas de igualdade de gênero.

O partido, que já conta com 400 mil seguidores no YouTube, lançou candidatas mulheres, como a cantora Saya, eleita em Tóquio. Kamiya acredita que o desempenho atual é apenas o começo e busca ampliar a base do partido, prometendo 50 a 60 cadeiras em futuras eleições.