10 de mar 2025
Verão antecipado ameaça colheitas e indústrias na Índia
Fevereiro de 2025 foi o mais quente em 125 anos, afetando a agricultura indiana. Nitin Goel, empresário têxtil, viu vendas caírem 10% e mudou seu modelo de negócios. Colheitas de manga Alphonso devem ser apenas 30% do normal, impactando a economia. A escassez de água e altas temperaturas ameaçam a produção de alimentos e inflação. Especialistas alertam que a mudança climática pode reduzir 5,8% das horas trabalhadas até 2030.
Foto:Reprodução
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Nitin Goel, proprietário de uma tradicional empresa de roupas em Ludhiana, enfrenta dificuldades devido ao encurtamento do inverno na Índia. Com a antecipação do verão, sua produção de roupas de frio caiu drasticamente, resultando em uma queda de 50% nas vendas nos últimos cinco anos. Goel relata que, neste ano, as vendas diminuíram ainda mais em 10%, forçando a empresa a mudar seu foco para camisetas. A situação é agravada por um novo modelo de negócios adotado pelos varejistas, que agora retornam mercadorias não vendidas, transferindo o risco para os fabricantes.
Enquanto isso, na costa oeste da Índia, a produção de mangas Alphonso também está em crise, com uma previsão de colheita de apenas 30% do normal. O agricultor Vidyadhar Joshi destaca que os custos com irrigação e fertilizantes aumentaram, levando muitos a demitir trabalhadores temporários. A agricultura indiana enfrenta ainda a ameaça de calor extremo sobre culturas essenciais como trigo e grão-de-bico, com especialistas alertando que as ondas de calor de 2022 já haviam reduzido a produção em até 25%.
O ministro da agricultura minimiza as preocupações sobre a produção de trigo, mas especialistas apontam que a dependência de importações pode aumentar, especialmente com os níveis de reservatórios em 28% da capacidade. A inflação pode ser pressionada por essa situação, afetando a recuperação econômica que se baseia no consumo rural. A economia indiana, que já enfrentou um crescimento lento, pode sofrer novos reveses se a agricultura não se recuperar.
Think tanks como o Council on Energy, Environment and Water (Ceew) alertam para a necessidade de medidas urgentes para mitigar os efeitos das ondas de calor, como melhorias na previsão do tempo e seguros agrícolas. A Índia, sendo um país agrário, é especialmente vulnerável às mudanças climáticas, com 75% dos distritos considerados "pontos críticos de eventos extremos". Sem ações imediatas, o país pode enfrentar um futuro onde as ondas de calor comprometam tanto a vida quanto a estabilidade econômica.
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