- Mudanças climáticas estão levando vinícolas a adotar blends não safrados para garantir a consistência na produção de vinhos.
- Chris Howell, da Cain Vineyard, e Riccardo Pasqua, da Pasqua Vigneti e Cantine, são exemplos de produtores que inovam nessa abordagem.
- Howell destaca que o aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos, como incêndios, dificultam a colheita. Em 2017, ele criou um blend utilizando uvas de safras anteriores após incêndios na Califórnia.
- Pasqua lançou um vinho branco não safrado na Itália, combinando uvas de até cinco anos diferentes, buscando superar as variações climáticas.
- A aceitação dos vinhos não safrados cresce, com consumidores valorizando a flexibilidade e a consistência, apesar da resistência de alguns puristas.
Mudanças climáticas impulsionam vinícolas a adotarem blends não safrados
Historicamente, vinhos são identificados por suas safras, sendo as não safradas vistas como inferiores. Contudo, vinícolas estão mudando essa percepção devido às alterações climáticas que afetam a viticultura. Chris Howell, da Cain Vineyard, e Riccardo Pasqua, da Pasqua Vigneti e Cantine, são exemplos de produtores que inovam com blends não safrados.
Com o aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos, como incêndios e granizo, a consistência na produção de vinhos se tornou um desafio. Howell, que atua na Califórnia, destaca que as ondas de calor têm se intensificado, tornando a colheita mais arriscada. Em 2017, ele utilizou apenas uvas colhidas antes de incêndios devastadores, criando um blend com safras anteriores para garantir qualidade.
Pasqua, por sua vez, introduziu um vinho branco não safrado na Itália, combinando uvas de até cinco anos diferentes. Ele afirma que essa abordagem permite capturar a melhor expressão do vinhedo, superando as variações climáticas de cada safra. O nome do vinho, Hey French, You Could Have Made This But You Didn’t, reflete a rivalidade com os vinhos franceses, que tradicionalmente utilizam blends não safrados, especialmente em champanhes.
A aceitação dos vinhos não safrados está crescendo. Dawn Davies, mestre em vinhos, observa que consumidores menos exigentes não se importam com a safra, enquanto profissionais do setor valorizam a flexibilidade e a consistência que esses vinhos oferecem. Apesar da resistência de alguns puristas, a tendência é clara: as vinícolas estão se adaptando para enfrentar os desafios climáticos e garantir a qualidade de seus produtos.