- Pesquisadores observaram milhares de bagres-abelha (Rhyacoglanis paranensis) subindo uma cachoeira de quatro metros no rio Aquidauana, em Mato Grosso do Sul.
- O fenômeno, registrado por cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sugere um comportamento migratório relacionado à reprodução.
- Os bagres, que não ultrapassam nove centímetros, formaram grandes grupos ao escalar as pedras, utilizando suas nadadeiras para se prender às superfícies molhadas.
- A pesquisa, que durou cerca de 20 horas, revelou que a maioria dos indivíduos observados eram machos adultos com estômagos vazios, semelhante a padrões de migração de outras espécies, como o salmão.
- O estudo destaca a importância da conservação do bagre-abelha, que enfrenta ameaças devido à fragmentação de habitats e represamento de rios, comprometendo suas rotas migratórias.
No rio Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, um fenômeno raro chamou a atenção de pesquisadores: milhares de bagres-abelha (Rhyacoglanis paranensis) subiram uma cachoeira de quatro metros. Essa migração, observada por cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sugere um comportamento reprodutivo da espécie, que é pouco conhecida e considerada rara.
Os bagres, que não ultrapassam nove centímetros, foram vistos em grandes grupos, formando “tapetes vivos” ao escalar as pedras. A zoóloga Manoela Marinho, uma das autoras do estudo publicado na Journal of Fish Biology, destacou que os peixes se prendiam às superfícies molhadas com suas nadadeiras, utilizando movimentos curtos para avançar contra a correnteza.
A pesquisa, que durou cerca de 20 horas, revelou que a maioria dos indivíduos observados eram machos adultos com estômagos vazios, um padrão semelhante ao de espécies migratórias conhecidas, como o salmão. Esse comportamento pode ser crucial para a reprodução, uma vez que a migração é vital para a continuidade da espécie.
Importância da Conservação
O bagre-abelha, cuja ecologia ainda é pouco compreendida, enfrenta ameaças devido à fragmentação de habitats e represamento de rios. Marinho enfatiza que essas descobertas ressaltam a necessidade de observações de campo para entender o papel ecológico e as necessidades de conservação de pequenos peixes migratórios.
No Brasil, a construção de hidrelétricas e o represamento têm comprometido rotas migratórias essenciais. Espécies que dependem da livre movimentação nas águas enfrentam obstáculos que podem prejudicar sua reprodução e levar à extinção. O estudo do bagre-abelha pode ser fundamental para a proteção não apenas dessa espécie, mas de todo um ecossistema que depende da migração.