- A gestão florestal sustentável é debatida devido ao aumento de incêndios florestais, agravados por ondas de calor e secas.
- Cientistas e ecologistas propõem medidas planejadas para enfrentar a crise, evitando ações emergenciais.
- O uso de rebanhos para controlar a vegetação é uma das sugestões, visando reduzir a carga de combustível para incêndios.
- A remoção de madeira seca e o uso sustentável de recursos florestais também são recomendados.
- Especialistas alertam que a falta de planejamento pode levar à diminuição da cobertura florestal e ao crescimento de mato em detrimento das árvores.
A gestão florestal sustentável voltou a ser tema central de debate, especialmente após o aumento de incêndios florestais exacerbados por ondas de calor e secas. Cientistas e ecologistas defendem a implementação de um conjunto de medidas planejadas para enfrentar essa crise, evitando ações emergenciais que não resolvem o problema a longo prazo.
Entre as propostas, destaca-se o uso de rebanhos para controlar a vegetação, essencial para reduzir a carga de combustível que alimenta os incêndios. Javier Madrigal, do Instituto de Ciências Florestais do INIA-CSIC, enfatiza a importância de um planejamento que considere as especificidades de cada local. Ele alerta que a falta de pastores compromete a eficácia dessa estratégia, sugerindo que o setor ganadeiro deve ser incentivado a participar ativamente.
Além disso, as medidas incluem a remoção de madeira seca, desmatamento controlado e a reativação do uso sustentável dos recursos florestais, como madeira e cogumelos. Francisco Martín Azcárate, da Universidade Autónoma de Madrid, ressalta que a convivência com incêndios é inevitável, mas é possível gerenciar os riscos. Ele defende a recuperação de áreas de pastagem por meio de herbívoros e fogo controlado, além de uma formação adequada nas escolas sobre prevenção de incêndios.
A ONG Greenpeace, por sua vez, destaca que a gestão florestal não deve ser confundida com abandono. Mónica Parrilla, responsável pela campanha de incêndios da organização, afirma que a remoção de árvores é necessária para criar florestas mais saudáveis e resistentes ao fogo. Ela critica a ideia de que os ecologistas são responsáveis pela propagação dos incêndios, argumentando que a gestão consciente é fundamental.
Por fim, especialistas alertam que, se as práticas atuais forem mantidas, a tendência será uma diminuição da cobertura florestal, favorecendo o crescimento de mato em detrimento das árvores. Madrigal adverte que a melhor restauração após um incêndio é a passiva, que requer tempo e planejamento adequado. A situação exige uma abordagem integrada e de longo prazo para garantir a saúde dos ecossistemas florestais.