- A utilização de sistemas de inteligência artificial (IA) para acessar informações online levanta preocupações éticas na produção de artigos científicos.
- Dados recentes mostram que a IA está direcionando menos tráfego para publicações, o que pode aumentar preconceitos nas recomendações de artigos.
- Em 2025, a OpenAI coletou cerca de 250 páginas de material por visitante em sites de publicações, número que subiu para 1.500 páginas. A startup Anthropic teve um aumento de 6.000 para 60.000 páginas.
- A IA favorece artigos altamente citados, com mais de 60% das sugestões pertencendo ao top 1% de artigos mais citados.
- A pesquisa sobre a recuperação de informações assistida por IA é limitada, e a dependência de modelos de IA pode distorcer o acesso e uso de informações científicas.
A crescente utilização de sistemas de inteligência artificial (IA) para acessar e sintetizar informações online levanta preocupações sobre a ética na produção de artigos científicos. Dados recentes indicam que a IA está direcionando menos tráfego para publicações, o que pode exacerbar preconceitos na recomendação de artigos e distorcer a visibilidade de pesquisas menos citadas.
Em 2025, a empresa OpenAI coletou cerca de 250 páginas de material para cada visitante que direcionou a um site de publicações. Esse número saltou para 1.500 páginas até meados do mesmo ano, segundo Matthew Prince, CEO da Cloudflare. A startup Anthropic apresentou um aumento ainda mais acentuado, passando de 6.000 para 60.000 páginas. Até mesmo o Google, que historicamente gerou tráfego significativo para editores, triplicou sua taxa de extração com o lançamento de sua funcionalidade de IA.
Impactos na Pesquisa
O atual ecossistema de informações é dominado por “motores de resposta”, como chatbots de IA que sintetizam e entregam informações diretamente aos usuários. Essa mudança é considerada uma das mais significativas na descoberta de conhecimento nas últimas décadas. Contudo, essa eficiência traz um custo: a redução do tráfego para publicações e a ampliação de preconceitos nas recomendações de artigos.
Pesquisadores estão observando que, ao solicitar recomendações de revisores por meio de ferramentas de IA, há uma super-representação de acadêmicos com nomes considerados brancos e uma sub-representação de nomes classificados como asiáticos. Além disso, a IA tende a favorecer artigos altamente citados, com mais de 60% das sugestões geradas pela IA pertencendo ao top 1% de artigos mais citados, em comparação com listas de referências curadas por humanos.
Desafios Éticos
Apesar do impacto crescente das ferramentas de IA, a pesquisa sobre a recuperação de informações assistida por IA ainda é limitada. As políticas atuais têm se concentrado na ética da produção de artigos, mas a verdadeira ameaça reside em como a ciência é encontrada. A dependência excessiva de modelos impulsionados por IA pode distorcer a forma como os pesquisadores acessam e utilizam informações, levando a uma aceitação de dados que podem estar distorcidos.
A possibilidade de agentes de pesquisa autônomos, capazes de conduzir revisões de literatura e experimentos em larga escala, está se tornando uma realidade. Essa evolução exige uma reflexão crítica sobre o papel da IA na ciência e suas implicações para o futuro da pesquisa acadêmica.