- As Prochlorococcus, cianobactérias essenciais para a fotossíntese nos oceanos, podem ter sua abundância reduzida em até 51% até o final do século devido ao aumento da temperatura dos mares.
- O estudo, publicado na revista Nature Microbiology, analisou mais de 800 bilhões de células dessas cianobactérias em expedições que cobriram mais de 150.000 milhas náuticas.
- A temperatura é o principal fator que afeta o crescimento das Prochlorococcus, que prosperam em águas quentes, com maior concentração em regiões tropicais.
- A diminuição dessas cianobactérias pode impactar a cadeia alimentar marinha, permitindo que organismos como as Synechococcus ocupem seu lugar, o que pode prejudicar a dinâmica alimentar.
- A adaptação das Prochlorococcus às novas temperaturas é incerta, e a continuidade da pesquisa é fundamental para entender as consequências dessa redução no ecossistema marinho.
As Prochlorococcus, cianobactérias microscópicas fundamentais para a fotossíntese nos oceanos, podem ter sua abundância reduzida em até 51% até o final do século devido ao aumento da temperatura dos mares. Este dado alarmante foi revelado por um estudo publicado na revista *Nature Microbiology*.
Esses organismos, que medem menos de um milímetro, são responsáveis por uma parte significativa do oxigênio e do carbono orgânico marinho. Eles prosperam em águas quentes, com sua maior concentração encontrada em regiões tropicais. A pesquisa, realizada por uma equipe de oceanógrafos e biólogos marinhos, envolveu mais de 150.000 milhas náuticas de expedições, onde foram analisadas mais de 800 bilhões de células de Prochlorococcus.
Os cientistas descobriram que a temperatura é o principal fator que influencia a multiplicação dessas cianobactérias. A divisão celular aumenta exponencialmente até 28ºC, mas, acima desse limite, o crescimento diminui drasticamente. O professor François Ribalet, da Universidade de Washington, destacou que as populações são consistentemente mais baixas em águas mais quentes.
Impactos na Cadeia Alimentar
A diminuição das Prochlorococcus pode desencadear efeitos em cascata na cadeia alimentar marinha. Com a redução dessas cianobactérias, organismos maiores, como as Synechococcus, podem ocupar seu lugar, mas isso pode prejudicar a dinâmica alimentar. O professor Xosé Anxelu G. Morán comparou a Prochlorococcus à “grama do mar”, essencial para a sobrevivência de muitos organismos marinhos.
Os modelos climáticos utilizados na pesquisa indicam que, mesmo no cenário mais otimista, a abundância das Prochlorococcus diminuirá em 17%. No cenário mais pessimista, essa redução pode chegar a 51%, afetando principalmente regiões tropicais quentes, como a piscina quente do Pacífico Ocidental.
Desafios Futuros
A adaptação das Prochlorococcus às novas temperaturas é incerta. A pesquisadora Laura Alonso, do centro de pesquisa AZTI, ressaltou que, apesar de serem eficientes na fotossíntese, essas cianobactérias não estão preparadas para as mudanças climáticas atuais. A pesquisa destaca a importância de entender as interações entre esses organismos e o restante do ecossistema marinho, uma área ainda pouco explorada.
A continuidade da pesquisa é crucial para prever as consequências da diminuição das Prochlorococcus e como isso afetará a vida marinha em um futuro aquecido.