- Rachitaa Gupta, coordenadora da Campanha para Demandar Justiça Climática, criticou a presidência da COP30 por problemas na logística de hospedagem em Belém.
- Oito em cada dez integrantes da sociedade civil ainda não têm acomodação confirmada, o que pode afetar sua participação no evento.
- Gupta ressaltou a importância da presença da sociedade civil, que representa comunidades afetadas pela crise climática e exige soluções, incluindo um financiamento de US$ 5 trilhões.
- A presidência prometeu soluções que não se concretizaram, e a proposta de usar escolas e imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida como dormitórios foi considerada inadequada.
- A Cúpula dos Povos, que ocorrerá paralelamente à COP30, deve reunir até 20 mil pessoas, mas a logística para esse evento também é incerta.
Rachitaa Gupta, coordenadora da Campanha para Demandar Justiça Climática (DCJ), criticou a presidência da COP30 por falhas na logística de hospedagem em Belém, onde a conferência será realizada. Em entrevista ao GLOBO, Gupta revelou que 80% dos 250 integrantes da DCJ ainda não têm acomodação confirmada, o que pode comprometer a presença da sociedade civil no evento.
A participação da sociedade civil é crucial, segundo Gupta, pois representa comunidades na linha de frente da crise climática. Ela destacou que esses grupos são os primeiros a exigir reparações e soluções para a crise, incluindo um financiamento de US$ 5 trilhões para combater as mudanças climáticas. Gupta observou que, apesar de problemas semelhantes em edições anteriores, este ano a situação é mais crítica, com a presidência da COP30 não conseguindo resolver os desafios logísticos.
Críticas à Logística
Gupta mencionou que, em conversas com a presidência, foram prometidas soluções que não se concretizaram. A presidência alegou que a oferta de acomodações aumentou, mas a proposta de converter escolas e imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida em dormitórios é considerada inadequada. Para Gupta, essa solução não é segura nem higiênica, e a situação atual é alarmante, com mais de 80% dos integrantes sem hospedagem.
Além disso, a logística de transporte para os delegados também é uma preocupação. Gupta afirmou que, mesmo que a sociedade civil encontre acomodações fora da plataforma oficial, não há garantias de transporte adequado até o local do evento. O custo elevado para participar da COP é um obstáculo adicional, especialmente para grupos do Sul Global.
Expectativas para a Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos, que ocorrerá paralelamente à COP30, deve reunir até 20 mil pessoas em Belém. Gupta alertou que a logística para esse evento também não está clara, o que pode complicar ainda mais a situação. Com a expectativa de 50 mil pessoas na COP, a falta de informações sobre serviços e instalações é preocupante.
Gupta criticou a abordagem da presidência, que parece tratar a COP como um evento turístico, em vez de um espaço essencial para a política climática global. Ela enfatizou que a conferência deve focar em soluções para a crise climática, e não em atrair turistas. A DCJ, uma rede global de organizações do Sul Global, continua a lutar pela justiça climática e pelos direitos humanos, destacando a importância de uma participação significativa da sociedade civil na COP30.