- O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) foi anunciado como uma nova iniciativa para a preservação de florestas tropicais, envolvendo o Brasil e mais 11 países.
- O objetivo é levantar US$ 125 bilhões para financiar a proteção ambiental por meio de investimentos em mercados emergentes.
- O fundo funcionará como um banco, com lucros direcionados à preservação florestal e não a acionistas.
- O TFFF pretende gerar US$ 4 bilhões anuais para os países com florestas tropicais, pagando cerca de US$ 4 por hectare preservado.
- Vinte por cento dos recursos devem ser destinados a povos indígenas e comunidades tradicionais, que são fundamentais na proteção das florestas.
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) foi anunciado como uma nova iniciativa para a preservação de florestas tropicais, envolvendo o Brasil e mais 11 países. O objetivo é levantar US$ 125 bilhões para financiar a proteção ambiental por meio de investimentos em mercados emergentes, ao invés de depender de doações.
A proposta foi apresentada em coletiva de imprensa com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e outros representantes do governo. O fundo funcionará como um banco, onde os lucros não serão direcionados a acionistas, mas sim para a preservação florestal. João Paulo Resende, vice-secretário do Ministério da Fazenda, destacou que os países com florestas serão os verdadeiros acionistas do fundo.
O TFFF pretende gerar um fluxo de US$ 4 bilhões anuais para os países com florestas tropicais, oferecendo cerca de US$ 4 por hectare preservado. Diferente do Fundo Amazônia, o TFFF não premiará países por reduções na taxa de desmatamento, mas funcionará como um fundo fiduciário, similar aos endowments das universidades dos EUA.
Estrutura e Benefícios
Os recursos do fundo serão investidos em títulos de governos e empresas de mercados emergentes, priorizando opções com selo ambiental. Resende enfatizou que o valor pago por hectare foi calculado com base no custo de oportunidade para fazendeiros, garantindo que o fundo permaneça atrativo.
Uma cláusula importante do TFFF é que 20% dos recursos recebidos devem ser destinados a povos indígenas e comunidades tradicionais, que desempenham um papel crucial na proteção das florestas. Francisco Filippo, assessor do Ministério dos Povos Indígenas, ressaltou que esses grupos enfrentam riscos significativos e que sua proteção é uma questão de justiça e eficiência.
Atualmente, o grupo de países envolvidos inclui Brasil, Colômbia, Gana, Indonésia, Malásia e República Democrática do Congo, além de investidores como Alemanha, França e Reino Unido. O governo brasileiro planeja discutir mais sobre o fundo durante a Assembleia Geral da ONU em setembro.
Riscos e Sustentabilidade
Resende minimizou os riscos para investidores, afirmando que, ao longo dos últimos 20 anos, os mercados emergentes tiveram apenas duas crises significativas. O fundo terá mecanismos de proteção para garantir a continuidade dos pagamentos, mesmo em situações adversas.
Marina Silva destacou que o TFFF traz recursos financeiros que não estavam disponíveis anteriormente, mudando a lógica de que a proteção florestal deve depender de doações. A expectativa é que a proposta seja finalizada e apresentada na COP 30, em Belém, em novembro.