- Pesquisadores descobriram que rainhas da formiga-colhedoras-ibérica (Messor ibericus) podem gerar machos da espécie Messor structor, desafiando a definição clássica de espécie na biologia.
- O estudo, publicado na revista Nature, apresenta um mecanismo de reprodução chamado xenoparidade, que significa “nascimento estrangeiro”.
- As rainhas acasalam-se com machos de ambas as espécies, armazenando o esperma e gerando machos clonados de Messor structor.
- A pesquisa envolveu a coleta de colônias na França, onde foram analisados 132 machos de 26 colônias, confirmando sua origem genética.
- Apesar das vantagens reprodutivas, o sistema pode ser insustentável a longo prazo, pois machos clonados não cruzam com fêmeas de sua própria espécie e são frequentemente mortos em colônias de Messor structor.
Pesquisadores descobriram que as rainhas da formiga-colhedoras-ibérica (Messor ibericus) podem gerar machos da espécie Messor structor, desafiando a definição clássica de espécie na biologia. A pesquisa, publicada na revista *Nature*, revela um mecanismo de reprodução inusitado chamado xenoparidade, que significa “nascimento estrangeiro”.
As rainhas de M. ibericus acasalam-se com machos de sua própria espécie e de M. structor, armazenando o esperma de ambos. O mais intrigante é que essas duas espécies se separaram evolutivamente há mais de cinco milhões de anos. O processo envolve a remoção do DNA da rainha de certos ovos antes da fertilização, resultando em machos clonados de M. structor. Além disso, a mesma rainha pode gerar operárias híbridas e descendentes normais de M. ibericus.
Desafios da Pesquisa
A comprovação dessa relação reprodutiva exigiu um esforço considerável. Equipes lideradas por Jonathan Romiguier, ecólogo da Universidade de Montpellier, coletaram colônias em estradas agrícolas na França. Após anos de coleta, foram reunidos 132 machos de 26 colônias, com características distintas que confirmaram sua origem. Testes genéticos mostraram que todos eram descendentes diretos da mesma rainha.
Os cientistas agora se perguntam sobre a razão desse sistema reprodutivo. Para M. ibericus, a vantagem é clara: as operárias híbridas realizam tarefas essenciais na colônia, enquanto os machos clonados garantem a disponibilidade de parceiros para futuras rainhas. Por outro lado, M. structor, que habita áreas montanhosas, se beneficia da dispersão proporcionada pelos clones.
Sustentabilidade do Sistema
Apesar da engenhosidade do sistema, ele pode ter um prazo de validade. Os machos clonados de M. structor não cruzam com fêmeas de sua própria espécie, o que pode levar ao acúmulo de mutações prejudiciais. Além disso, quando colocados em colônias de M. structor, esses machos são frequentemente mortos, pois são reconhecidos como invasores.
Atualmente, as colônias de M. ibericus prosperam, sustentadas por operárias híbridas e uma fonte aparentemente inesgotável de machos. Essa dinâmica reprodutiva intrigante continua a desafiar as noções tradicionais de espécie e evolução, revelando a complexidade das interações entre diferentes organismos.