- Lideranças indígenas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, denunciam a presença de quinhentos garimpeiros ilegais na região.
- Os garimpeiros utilizam explosivos e submetem jovens a condições análogas à escravidão.
- A degradação ambiental é significativa, com contaminação de igarapés e lagos por mercúrio.
- O Conselho Indígena de Roraima (CIR) pede ações do governo federal para combater a invasão.
- O Ministério Público Federal (MPF) investiga a situação e a Polícia Federal já prendeu dez pessoas envolvidas no garimpo ilegal.
Lideranças indígenas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, denunciam a presença de 500 garimpeiros ilegais que atuam na região, utilizando explosivos e submetendo jovens a condições análogas à escravidão. As comunidades mais afetadas incluem Napoleão, Tarame, Raposa I, Raposa II e Urucá, em Uiramutã. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) exige ações do governo federal para combater essa invasão.
Os garimpeiros têm causado degradação ambiental significativa, contaminando igarapés e lagos com mercúrio. Um tuxaua da comunidade Tarame relatou que a exploração se tornou mais agressiva, com o uso de tecnologia avançada. “As explosões são constantes e o chão treme”, afirmou. Em Raposa II, um ex-tuxaua destacou que adolescentes são atraídos para o garimpo com promessas de pagamento, mas acabam em condições degradantes, endividados apenas para conseguir alimentação.
Além dos impactos sociais, a presença dos garimpeiros tem gerado prostituição, consumo de drogas e ameaças de morte. O coordenador do CIR, Amarildo Macuxi, acredita que muitos garimpeiros foram expulsos da Terra Yanomami e agora visam a Raposa Serra do Sol. O governo federal, por meio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), reconhece as denúncias, mas não detalhou as ações em andamento.
Ações do Governo e Denúncias
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil em 2023 para monitorar a atuação do poder público na região. Recentemente, a Polícia Federal prendeu 10 pessoas e destruiu uma balsa utilizada para o garimpo. No entanto, moradores relatam que tentativas de diálogo com os invasores foram ignoradas e que a situação se torna cada vez mais insustentável.
A prefeitura de Uiramutã também enviou ofício à Funai e ao MPF, relatando a alteração do curso dos igarapés e a perda de vegetação. O CIR está elaborando um relatório sobre os impactos do garimpo e pede um plano permanente de proteção ao território. “Operações isoladas não são suficientes”, afirmou Amarildo Macuxi.
A Funai informou que um novo plano de ação está em desenvolvimento para combater os crimes e promover projetos de futuro, como o etnoturismo. A ministra Sonia Guajajara declarou que o governo federal está monitorando a situação e preparando novas ações contra o garimpo ilegal na Raposa Serra do Sol.