- A Amazônia será o foco da COP30 em novembro, mas é importante considerar a interconexão ecológica com outros biomas, como o cerrado.
- Universidades do cerrado propõem a criação do Instituto Nacional do Cerrado (INC) para integrar pesquisas sobre biodiversidade e clima.
- O cerrado é essencial para as bacias Amazônica, do São Francisco, do Prata e do Tocantins-Araguaia, mas enfrenta desmatamento intenso, com metade de sua área já destruída.
- O desmatamento no cerrado afeta a evapotranspiração, comprometendo a agricultura e a disponibilidade de água.
- O INC buscará articular ciência e sociedade, promovendo tecnologias e políticas públicas para a conservação e a segurança alimentar.
Em novembro, durante a COP30 em Belém, a Amazônia será o centro das atenções globais. No entanto, focar apenas nesse bioma pode obscurecer a interconexão ecológica do Brasil. Universidades do cerrado propõem a criação do Instituto Nacional do Cerrado (INC) para integrar pesquisas sobre biodiversidade e clima, ressaltando a importância de uma abordagem holística.
O cerrado, conhecido como o berço das águas da América do Sul, é vital para as bacias Amazônica, do São Francisco, do Prata e do Tocantins-Araguaia. Com uma biodiversidade ímpar, abriga comunidades que manejam o bioma de forma sustentável, mas enfrenta pressão intensa: metade de sua área já foi desmatada e apenas 8% está protegida. Em 2024, o cerrado registrou o maior índice de desmatamento entre os biomas brasileiros.
Interdependência Ecológica
A relação entre o cerrado e a Amazônia é crucial. A evapotranspiração da Amazônia alimenta os “rios voadores”, que garantem a chuva no Centro-Oeste. O desmatamento no cerrado compromete esse sistema, afetando a agricultura e a disponibilidade hídrica. Além disso, as emissões de carbono do cerrado já neutralizam parte da absorção da floresta amazônica, evidenciando a necessidade de uma visão integrada.
Estudos indicam que áreas degradadas no cerrado podem ser recuperadas para acomodar a expansão agrícola sem novos desmatamentos. Programas de pagamento por serviços ambientais e o mercado de carbono em desenvolvimento oferecem oportunidades econômicas para a conservação. O agronegócio pode ser um aliado nessa transformação.
Proposta do INC
A criação do INC visa articular ciência e sociedade, orientando pesquisas sobre biodiversidade, água e clima. O instituto pretende fomentar tecnologias adequadas ao bioma e apoiar políticas públicas baseadas em evidências. Essa iniciativa não é apenas uma defesa ambiental, mas uma estratégia nacional que busca alinhar conservação, segurança alimentar e inovação.
A COP30 representa uma oportunidade para o Brasil demonstrar que é possível produzir de forma sustentável, estabilizar o clima e proteger a sociobiodiversidade. Reconhecer que o futuro da Amazônia depende do cerrado é essencial para uma liderança climática eficaz.