- Pesquisadores identificaram que a perda de neurônios e a inflamação no cérebro ocorrem antes da acumulação de proteínas tau, relacionadas à encefalopatia traumática crônica (CTE).
- O estudo analisou tecidos cerebrais de 28 indivíduos, incluindo atletas com histórico de impactos na cabeça.
- Atletas expostos a impactos repetidos apresentaram uma quantidade significativamente menor de neurônios excitatórios em áreas vulneráveis do cérebro, mesmo sem depósitos de tau.
- A pesquisa utilizou sequenciamento de RNA de núcleo único e revelou ativação inflamatória das células imunológicas do cérebro, correlacionada ao tempo de exposição aos impactos.
- Os achados sugerem novas possibilidades de intervenção terapêutica, focando na preservação da integridade vascular e na resiliência microglial em indivíduos com histórico de impactos repetidos.
Sustentados por novas pesquisas, os impactos repetidos na cabeça, comuns em atletas de esportes de contato, estão sendo cada vez mais reconhecidos como um sério risco à saúde. Um estudo recente de Butler et al. revela que a perda de neurônios e a inflamação ocorrem antes da acumulação de proteínas tau, sugerindo que a disfunção celular e vascular pode preceder a encefalopatia traumática crônica (CTE).
A CTE é uma doença neurodegenerativa associada a alterações na memória, distúrbios de humor e demência. A pesquisa analisou tecidos cerebrais de 28 indivíduos, incluindo atletas com histórico de impactos na cabeça. Os resultados mostraram que atletas expostos a impactos repetidos apresentaram uma quantidade significativamente menor de neurônios excitatórios em regiões vulneráveis do cérebro, mesmo na ausência de depósitos de tau.
Descobertas Importantes
Os pesquisadores utilizaram sequenciamento de RNA de núcleo único para mapear a expressão gênica em células cerebrais. As análises revelaram que os impactos repetidos causam mudanças profundas nas células, incluindo a ativação de microglia, as células imunológicas do cérebro, que se tornam inflamatórias em resposta a lesões. Essa ativação correlacionou-se com o tempo de exposição aos impactos.
Além disso, a pesquisa identificou disfunções na microvasculatura cerebral, com células endoteliais apresentando perfis de expressão gênica indicativos de inflamação e estresse. Essas alterações podem comprometer a integridade da barreira hematoencefálica, um fator crítico na progressão da CTE.
Implicações Futuras
Os achados sugerem que a perda de neurônios e a ativação microglial podem ser precoces na trajetória da CTE, abrindo novas possibilidades para intervenções terapêuticas. A identificação de biomarcadores que capturem esses processos pode ajudar a detectar riscos antes do surgimento da patologia tau. A pesquisa destaca a necessidade de estratégias que preservem a integridade vascular e a resiliência microglial em indivíduos expostos a impactos repetidos.