- Estudos na República Democrática do Congo mostram que bonobos e chimpanzés utilizam vocalizações de forma complexa.
- A pesquisa, liderada por Mélissa Berthet, da Universidade de Rennes, observou bonobos combinando chamadas em frases durante seis meses.
- Um exemplo inclui a combinação de um grito que significa “vamos fazer isso” com um grunhido que diz “olhe para mim”, promovendo a colaboração entre os primatas.
- Pesquisas com chimpanzés também revelaram que eles conseguem unir gritos de alarme e convites, evidenciando uma forma de composicionalidade.
- Além disso, o Projeto CETI, que estuda baleias esperma, descobriu um “alfabeto fonético” com cliques que indicam complexidade na comunicação desses cetáceos.
Pesquisas recentes revelam comunicação complexa entre primatas
Estudos realizados na República Democrática do Congo mostram que bonobos e chimpanzés utilizam vocalizações de maneira sofisticada, desafiando a ideia de que a linguagem é exclusiva dos humanos. A pesquisa, liderada por Mélissa Berthet, da Universidade de Rennes, observou bonobos combinando chamadas em frases complexas durante seis meses.
Um exemplo notável ocorreu quando bonobos, ao construir ninhos, combinaram um grito que significa “vamos fazer isso” com um grunhido que diz “olhe para mim”. Berthet explica que essa combinação é uma forma de comunicação social que visa promover a colaboração entre os primatas. Outro caso envolveu um chamado que expressava “eu gostaria de fazer isso”, seguido por um assobio que indicava “vamos ficar juntos”, demonstrando a sensibilidade social dos bonobos.
Desafios à definição de linguagem
Essas descobertas se somam a um crescente corpo de evidências que sugere que a comunicação animal pode ter características linguísticas. Pesquisas anteriores já haviam identificado padrões de vocalização em aves e cetáceos que se assemelham a aspectos da linguagem humana. A utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA) tem sido fundamental para decifrar esses sons, permitindo que cientistas analisem nuances que poderiam passar despercebidas.
Estudos com chimpanzés também revelaram que eles combinam vocalizações de forma a transmitir mensagens complexas. Ao apresentar situações de ameaça, os primatas foram capazes de unir gritos de alarme e convites para reunir outros, evidenciando uma forma de composicionalidade. Essa habilidade, antes considerada exclusiva dos humanos, está sendo reavaliada à luz das novas evidências.
Avanços na comunicação animal
Além dos primatas, pesquisas com baleias esperma estão revelando características linguísticas intrigantes. O Projeto CETI, com sede em Nova York, está mapeando sons e comportamentos desses cetáceos, buscando padrões que possam traduzir a comunicação das baleias. Linguistas envolvidos no projeto descobriram que as baleias possuem um “alfabeto fonético”, com cliques que variam em ritmo e tempo, sugerindo uma complexidade semelhante à da linguagem humana.
Essas investigações levantam questões sobre a definição de linguagem e a capacidade cognitiva dos animais. Enquanto alguns cientistas argumentam que a linguagem e o pensamento complexo estão interligados, outros acreditam que a comunicação pode existir independentemente da complexidade cognitiva. A pesquisa continua a explorar essas fronteiras, revelando um mundo de comunicação animal que desafia as noções tradicionais sobre linguagem.
