- O Ministério Público da Bahia (MP-BA) se opôs à instalação de uma base de criação de jumentos por uma empresa chinesa em Amargosa.
- A recomendação do MP-BA menciona riscos de abate descontrolado, impactos ambientais e preocupações com o bem-estar animal.
- O projeto visa fornecer peles para a produção de ejiao, uma substância da medicina tradicional chinesa, mas sua eficácia é questionada por especialistas.
- Amargosa é o maior fornecedor do Brasil de peles e carne de jumentos para a Ásia, com três frigoríficos habilitados para o abate legal.
- A população de jumentos nordestinos diminuiu mais de 90% nas últimas três décadas, levantando preocupações sobre a extinção da espécie.
O MP-BA (Ministério Público da Bahia) manifestou-se contra a instalação de uma base de criação de jumentos por uma empresa chinesa em Amargosa. A recomendação destaca riscos de abate descontrolado e impactos ambientais, além de preocupações com o bem-estar animal. O projeto visa fornecer peles para a produção de ejiao, uma substância da medicina tradicional chinesa, mas especialistas questionam sua eficácia.
A proposta inclui a introdução de tecnologias avançadas, como sêmen congelado de jumentos chineses, e treinamento técnico para empresas locais. A Prefeitura de Amargosa, por sua vez, afirma que segue normas de bem-estar animal e que qualquer iniciativa futura com frigoríficos deve atender a requisitos legais e ambientais.
Amargosa é o maior fornecedor do Brasil de peles e carne de jumentos para a Ásia, e abriga três frigoríficos habilitados para o abate legal dessa espécie. No entanto, a população de jumentos nordestinos já diminuiu mais de 90% nas últimas três décadas, levantando alarmes sobre a extinção da espécie. O professor Adroaldo Zanella, da USP, alerta que o abate extrativista pode levar à perda de características genéticas únicas.
A bióloga Patricia Tatemoto, da The Donkey Sanctuary, ressalta que a fisiologia dos jumentos não permite uma produção intensiva, e que o transporte descontrolado pode disseminar doenças. Ela também menciona que já existem pesquisas para produzir colágeno de forma ética e sustentável, sem abate animal.
Em 2021, o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) havia mantido a legalidade dos abates, mas em 2022 proibiu a prática, citando riscos sanitários e a ameaça à sobrevivência da espécie. Apesar disso, os abates continuam, gerando confusão sobre a validade das decisões judiciais. Um novo recurso foi protocolado para esclarecer a situação.