- O Projeto Golfinho Rotador monitora a população de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha há 35 anos.
- O aumento do turismo, que passou de 85 mil visitantes em 2015 para 131 mil em 2024, impactou a presença dos golfinhos na Baía dos Golfinhos.
- A média de golfinhos na baía caiu de 450 para menos de 90% dos dias do ano, e o tempo de permanência reduziu de 8 horas para cerca de 3.
- O barulho das embarcações perturba os golfinhos, mesmo fora da área do parque nacional.
- Pesquisas revelaram comportamentos sociais complexos entre os golfinhos, como brincadeiras e interações durante a reprodução.
Muito antes do amanhecer, pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador se reúnem em Fernando de Noronha para monitorar a população de golfinhos-rotadores. Com 35 anos de história, o projeto observa o comportamento e a ecologia desses animais, que representam mais de 99% da espécie na região. Recentemente, o aumento do turismo e o tráfego de embarcações têm alterado a presença dos golfinhos na Baía dos Golfinhos, reduzindo seu tempo de permanência.
Os golfinhos-rotadores, conhecidos por seus saltos acrobáticos, utilizam as águas calmas da baía para descansar e brincar durante o dia. À noite, eles se deslocam para o alto-mar em busca de alimento. O fundador do projeto, José Martins da Silva Junior, destaca que a pesquisa é realizada independentemente das condições climáticas. Ele enfatiza a importância de observar os golfinhos em seu habitat natural, o que possibilitou descobertas sobre suas interações ecológicas.
Impactos do Turismo
O crescimento do turismo em Fernando de Noronha, que saltou de 85 mil visitantes em 2015 para 131 mil em 2024, tem gerado um aumento no número de passeios de barco. Embora a presença de golfinhos na baía não tenha mudado drasticamente, a ocupação dos espaços por eles se alterou. Flávio Lima, biólogo e co-fundador do projeto, observa que a média de golfinhos na baía caiu de 450 para menos de 90% dos dias do ano, e o tempo médio de permanência reduziu de 8 horas para cerca de 3.
O barulho das embarcações, mesmo fora da área do parque nacional, tem um efeito ressonante na baía, perturbando os golfinhos. Estudos de paisagem acústica mostram que, em áreas secundárias, o ruído natural se sobrepõe ao das embarcações, tornando esses locais mais atraentes para os animais.
Conclusões da Pesquisa
As pesquisas realizadas ao longo dos anos revelaram comportamentos sociais complexos entre os golfinhos-rotadores, como brincadeiras com algas e interações durante a reprodução. A observação de fêmeas dominantes e a amamentação de filhotes foram documentadas pela primeira vez fora de cativeiro. A pesquisa continua a ser um importante recurso para entender e proteger essa espécie emblemática, que enfrenta novos desafios em seu habitat natural.