- O cobogó, elemento construtivo criado na década de 1920 em Pernambuco, é redescoberto como solução bioclimática.
- A caixa-d’água de Olinda, projetada na década de 1930 pelo arquiteto Luiz Nunes, possui fachada de cobogós que melhora a ventilação e iluminação.
- Com temperaturas acima de 40 graus em várias regiões do Brasil, o cobogó ajuda a resfriar ambientes e tubulações.
- A arquiteta Guilah Naslavsky destaca a combinação de sustentabilidade e estética que o cobogó oferece.
- Apesar dos desafios urbanos, arquitetos jovens buscam resgatar o uso do cobogó em projetos, promovendo soluções habitacionais sustentáveis.
No coração de Olinda, Pernambuco, a caixa-d’água projetada na década de 1930 pelo arquiteto Luiz Nunes destaca-se por sua fachada inovadora, que incorpora cobogós. Esses elementos vazados, criados na década de 1920, são reconhecidos por sua capacidade de proporcionar ventilação e iluminação, sendo uma solução bioclimática em tempos de aquecimento global.
Recentemente, o cobogó tem sido redescoberto por arquitetos como uma alternativa eficaz para amenizar o calor em edificações. Com temperaturas superando 40 graus em várias regiões do Brasil, a peça se torna essencial para criar ambientes mais frescos e confortáveis. O cobogó atua como uma barreira contra a radiação solar, permitindo a passagem de luz e a circulação do ar, o que é crucial em climas quentes.
A caixa-d’água de Olinda exemplifica essa funcionalidade, pois sua fachada de cobogós ajuda a resfriar as tubulações, mantendo a temperatura da água. A arquiteta Guilah Naslavsky, especialista em modernismo, destaca que o cobogó é uma solução que combina sustentabilidade e estética, sendo um ícone da arquitetura brasileira.
Redescoberta e Sustentabilidade
O cobogó, que inicialmente surgiu como um bloco de cimento pré-fabricado, ganhou novos usos ao longo do tempo. O arquiteto Cristiano Borba, em suas pesquisas, revela que a patente do cobogó foi registrada em 1929, e seu nome é uma junção das iniciais dos engenheiros responsáveis pela criação. Embora tenha sido concebido para facilitar a construção, sua aplicação se expandiu para melhorar o conforto térmico.
Atualmente, a demanda por cobogós está crescendo, especialmente após a pandemia, quando as pessoas passaram a valorizar ambientes que promovem ventilação. O empresário João Gomes Neto observa que o cobogó traz uma sensação de *memória afetiva*, além de ser uma solução prática para o design contemporâneo.
Desafios e Oportunidades
Apesar de seu potencial, a adoção do cobogó enfrenta desafios. A urbanização intensa e o medo da insegurança nas áreas urbanas dificultam a implementação de fachadas abertas. No entanto, há um movimento entre arquitetos jovens, especialmente em regiões quentes, que buscam resgatar esses elementos em projetos residenciais.
A Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que discute o clima e o futuro das cidades, apresenta uma releitura do cobogó, agora sustentável, utilizando resíduos da construção civil. Pesquisas na Universidade Federal do Rio de Janeiro indicam que o uso de cobogós pode ser benéfico em favelas, melhorando a ventilação e o conforto térmico.
O futuro do cobogó parece promissor, com a possibilidade de se tornar uma tendência na arquitetura brasileira, especialmente em um contexto de crescente preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de soluções habitacionais mais sustentáveis.