- A União Europeia (UE) levará uma carta de intenção a Nova York, propondo uma redução de emissões entre 66,25% e 72,5% até 2035, em comparação aos níveis de 1990.
- A decisão visa evitar um compromisso formal antes da Conferência das Partes (COP30), marcada para novembro em Belém.
- Especialistas alertam que a proposta da UE pode resultar em falta de ambição nas negociações climáticas.
- Apenas 34 dos 195 países signatários do Acordo de Paris apresentaram novas metas até o momento, e a UE representa uma parte significativa das emissões globais.
- A Climate Action Tracker criticou a proposta da UE, afirmando que está abaixo dos 77% necessários para alinhar-se ao objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.
A União Europeia (UE) levará a Nova York, na próxima semana, uma carta de intenção sobre suas metas climáticas, em vez de um compromisso formal. O documento propõe uma redução de emissões entre 66,25% e 72,5% até 2035, em comparação aos níveis de 1990. Essa decisão visa evitar constrangimentos no encontro convocado pelo secretário-geral da ONU, onde líderes devem apresentar novas metas climáticas.
A carta de intenção é uma estratégia para garantir que a UE não chegue ao evento sem propostas, embora não tenha força de compromisso. Especialistas alertam que essa abordagem pode resultar em uma falta de ambição nas negociações da COP30, marcada para novembro em Belém. A atual rodada de compromissos climáticos, chamada de NDCs 3.0, é considerada crucial para manter o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.
Até o momento, apenas 34 países dos 195 signatários do Acordo de Paris apresentaram suas novas metas. Os países que ainda não se manifestaram, incluindo a UE, representam mais de 80% das emissões globais. A pressão sobre a UE aumenta, já que analistas afirmam que a proposta de redução de 66,25% a 72,5% está aquém do necessário para alinhar-se ao objetivo de 1,5 °C.
Impasse nas Negociações
A falta de consenso interno na UE sobre a meta climática de 2035 reflete divisões entre os países membros. Enquanto alguns defendem uma meta mais ambiciosa de 90% de redução até 2040, outros buscam salvaguardas para setores dependentes de combustíveis fósseis. O ministro dinamarquês do Clima, Lars Aagaard, afirmou que a UE continuará a ser uma líder climática global, mas a falta de um compromisso firme pode prejudicar sua credibilidade.
A Climate Action Tracker criticou a proposta da UE, destacando que a faixa de redução apresentada está abaixo dos 77% necessários para o alinhamento com a meta de 1,5 °C. A organização enfatiza que, apesar do compromisso declarado, a UE parece incapaz de adotar metas que reflitam a urgência da crise climática.
Expectativas para a COP30
Com a COP30 se aproximando, a expectativa é que a presidência da conferência pressione a UE e outros grandes emissores a elevar suas ambições. O Brasil, por sua vez, apresentou uma meta de redução de emissões entre 59% e 67% até 2035, mas também enfrenta críticas por não estar alinhado com as necessidades climáticas globais. A falta de um compromisso sólido da UE e a hesitação em suas metas podem impactar negativamente as negociações em Belém.