- Um estudo publicado no *Journal of the American Chemical Society* sugere que fontes hidrotermais submarinas foram essenciais para o surgimento da vida na Terra.
- Pesquisadores liderados por Thiago Altair Ferreira demonstraram que gradientes naturais de pH, temperatura e potencial redox podem reduzir dióxido de carbono (CO₂) a ácido fórmico e ácido acético, sem a necessidade de enzimas.
- Os experimentos simularam condições que existiram há cerca de quatro bilhões de anos, mostrando que as interações entre fluidos hidrotermais e água do oceano primitivo criam um ambiente propício para reações químicas.
- O estudo revelou que correntes elétricas mínimas foram suficientes para sustentar a redução de CO₂, indicando que fluxos elétricos no fundo do mar primitivo poderiam ter sustentado um protometabolismo.
- As descobertas têm implicações para a astrobiologia e podem contribuir para tecnologias como eletrocatálise e produção de hidrogênio, relevantes para alternativas energéticas sustentáveis.
Estudo revela papel das fontes hidrotermais na origem da vida
Um estudo recente publicado no *Journal of the American Chemical Society* sugere que fontes hidrotermais submarinas podem ter sido essenciais para o surgimento da vida na Terra. Pesquisadores, liderados por Thiago Altair Ferreira, demonstraram que gradientes naturais de pH, temperatura e potencial redox podem reduzir o dióxido de carbono (CO₂) a ácido fórmico e ácido acético, sem a necessidade de enzimas.
Os experimentos foram realizados em laboratório, simulando condições que existiram há cerca de 4 bilhões de anos. As fontes hidrotermais, que liberam fluidos quentes e alcalinos, interagem com a água do oceano primitivo, criando um ambiente propício para reações químicas. Ferreira explica que as diferenças físico-químicas entre esses fluidos geram uma voltagem natural, semelhante à que ocorre nas mitocôndrias das células atuais, capaz de impulsionar reações químicas.
Metodologia do Estudo
Os pesquisadores construíram reatores que replicam o encontro entre fluidos hidrotermais e água oceânica, controlando temperatura e composição mineral. Utilizando minerais de ferro-enxofre e ferro-níquel-enxofre, foram detectadas concentrações de ácido fórmico e ácido acético, indicando a possibilidade de um protometabolismo primitivo. Ferreira destaca que a conversão de CO₂ em ácido fórmico é a etapa mais desafiadora, mas foi alcançada apenas com minerais.
Além disso, o estudo revelou que correntes elétricas mínimas foram suficientes para sustentar a redução de CO₂, sugerindo que fluxos elétricos constantes no fundo do mar primitivo poderiam ter sustentado um protometabolismo. Os resultados reforçam a importância das fontes hidrotermais na Terra primitiva, mostrando que reações químicas essenciais podem ocorrer sem estruturas biológicas complexas.
Implicações e Aplicações Futuras
Embora o foco do estudo seja a ciência básica, suas descobertas têm implicações para a astrobiologia, especialmente em cenários relacionados a luas como Europa e Encélado. Ferreira também menciona a possibilidade de aplicações tecnológicas, como a eletrocatálise e a produção de hidrogênio, que são relevantes para a busca de alternativas energéticas sustentáveis e para a redução do CO₂ na atmosfera.
O estudo envolveu uma colaboração internacional, com pesquisadores do Brasil, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, e foi apoiado pela FAPESP. As descobertas abrem novas perspectivas sobre a origem da vida e a importância das condições físico-químicas na formação de moléculas essenciais.