- Ferramentas de inteligência artificial, como ChatGPT e Gemini, estão sendo usadas para criar artigos científicos redundantes na biomedicina.
- Um estudo publicado no medRxiv identificou mais de quatrocentos artigos desse tipo em 112 periódicos nos últimos quatro anos e meio.
- Pesquisadores alertam que essa prática pode comprometer a integridade da pesquisa científica.
- Indivíduos e empresas conhecidas como “paper mills” estão produzindo em massa artigos de baixa qualidade a partir de dados de saúde disponíveis publicamente.
- A análise revelou que os manuscritos gerados por IA não apresentaram problemas em ferramentas de detecção de plágio, dificultando a distinção entre pesquisas genuínas e artificiais.
Uma análise recente revelou que ferramentas de inteligência artificial (IA), como ChatGPT e Gemini, estão sendo utilizadas para gerar artigos científicos redundantes na área da biomedicina. O estudo, publicado em um preprint no medRxiv em 12 de setembro, identificou mais de 400 artigos desse tipo em 112 periódicos nos últimos 4,5 anos. Os pesquisadores alertam que essas práticas podem comprometer a integridade da pesquisa científica.
Os autores do estudo destacam que indivíduos e empresas conhecidas como “paper mills” estão explorando conjuntos de dados de saúde disponíveis publicamente para produzir em massa artigos de baixa qualidade. Essa abordagem pode inundar a literatura científica com publicações sem valor real, segundo Csaba Szabó, farmacologista da Universidade de Friburgo, na Suíça. Ele enfatiza que, se não for contida, essa prática pode abrir um “caixa de Pandora” na pesquisa.
A investigação focou em estudos de associação que ligam variáveis a resultados de saúde, utilizando dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES). Os pesquisadores encontraram 411 estudos redundantes publicados entre janeiro de 2021 e julho de 2025, muitos dos quais eram quase idênticos. Matt Spick, coautor do estudo, afirmou que essa situação “não ajuda a saúde da literatura científica”.
Para testar a capacidade da IA em gerar múltiplos artigos a partir do mesmo conjunto de dados, os pesquisadores usaram ChatGPT e Gemini para reescrever três dos artigos mais redundantes. Surpreendentemente, os manuscritos gerados não apresentaram pontuações problemáticas em ferramentas de detecção de plágio, mostrando que a IA pode criar conteúdo derivativo que ainda assim passa por verificações editoriais. Essa situação dificulta a distinção entre pesquisas genuínas e aquelas criadas artificialmente, levantando preocupações sobre a qualidade da produção científica atual.