- O puxuri, conhecido como “noz-moscada amazônica”, é uma especiaria pouco conhecida fora da Amazônia, especialmente cultivada em Tomé-Açu, Pará.
- A semente é usada na alta gastronomia, além de incensos e cosméticos, e tem atraído o interesse de indústrias como a Natura.
- O cultivo é feito por agricultores descendentes de imigrantes japoneses, que utilizam sistemas agroflorestais.
- A produção é sazonal, variando entre 10 e 15 toneladas em anos bons, com preços entre R$ 120,00 e R$ 200,00 por quilo.
- O puxuri leva de oito a dez anos para frutificar e seu rendimento é baixo, mas há potencial de mercado devido ao seu valor e múltiplos usos.
O puxuri, uma especiaria amazônica também conhecida como “noz-moscada amazônica”, começa a ganhar destaque no Brasil, especialmente em Tomé-Açu (PA). Com um sabor aromático, a semente é utilizada na alta gastronomia e na produção de incensos e cosméticos. O interesse por essa especiaria cresceu, atraindo indústrias como a Natura, que busca diversificar seu portfólio de ingredientes.
O cultivo do puxuri é realizado principalmente por agricultores descendentes de imigrantes japoneses, que utilizam sistemas agroflorestais. O pesquisador José Edmar Urano de Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, destaca que a semente foi descoberta no período colonial, quando Portugal buscava alternativas locais para especiarias da Índia. O puxuri é considerado mais versátil que a noz-moscada, podendo ser usado em pratos doces e salgados.
A produção de puxuri é sazonal e oscila entre 10 e 15 toneladas em anos bons. Os preços variam de R$ 120 a R$ 200 por quilo, dependendo da safra. Francisco Sakaguchi, um dos principais produtores da região, cultiva cerca de 500 pés da árvore e vende sua produção para indústrias de incenso e produtos naturais. Recentemente, ele forneceu um lote para a Natura, que ainda não utiliza o puxuri em cosméticos, mas está em busca de bioativos da floresta.
Desafios e Oportunidades
O puxuri exige solos úmidos e leva de oito a dez anos para frutificar. Por não ter passado por um processo de domesticação, seu rendimento é baixo, variando de um a dois quilos de semente seca por árvore por ano. A safra é concentrada entre novembro e março. Apesar da produção ser pequena e dispersa, Urano acredita que o puxuri tem um mercado promissor devido ao seu valor e múltiplos usos.
Yashuro Onishi, outro produtor, planeja expandir seu cultivo, mesmo após perder parte da lavoura devido à estiagem. Ele afirma que, apesar da produção limitada, os preços compensam o investimento. O puxuri também é utilizado em cosméticos e remédios caseiros, refletindo seu potencial econômico e cultural. O desafio agora é transformar esse potencial em oportunidades para a Amazônia.