- Um estudo internacional, em parceria com a Universidade de São Paulo, revela que a proteção das Terras Indígenas na Amazônia atua como um escudo contra a transmissão de doenças.
- A pesquisa analisou dados de 20 anos sobre 27 doenças, incluindo 21 respiratórias e seis zoonóticas, e concluiu que áreas menos fragmentadas oferecem maior proteção.
- Cerca de 80,3% das doenças na Amazônia estão relacionadas a queimadas, totalizando quase 23 milhões de casos.
- A cobertura florestal absorve poluentes e reduz a propagação de zoonoses, enquanto a fragmentação aumenta o risco de surtos.
- A demarcação das Terras Indígenas é essencial para a preservação das florestas e a saúde pública, e um programa panamazônico de monitoramento de doenças é necessário.
Um novo estudo internacional, realizado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), revela que a proteção das Terras Indígenas (TIs) na Amazônia atua como um escudo contra a transmissão de doenças. Publicado na revista *Communications Earth & Environment*, o artigo destaca a importância legal dessas áreas para a saúde pública.
A pesquisa analisou dados de 20 anos, entre 2000 e 2019, sobre 27 doenças, incluindo 21 respiratórias e seis zoonóticas. Os resultados indicam que quanto menor a fragmentação das reservas, maior a proteção contra enfermidades. A primeira autora, Júlia Barreto, afirma que a conservação das TIs reduz a incidência de doenças associadas a queimadas e zoonoses.
Cerca de 80,3% das doenças registradas na Amazônia estão ligadas a queimadas, totalizando quase 23 milhões de casos. A coautora Paula Prist, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), explica que as partículas poluidoras das queimadas podem afetar populações a até 500 quilômetros de distância, aumentando problemas respiratórios e cardiovasculares.
Importância da Conservação
Os dados mostram que a cobertura florestal atua como um remédio, absorvendo poluentes e reduzindo a propagação de zoonoses. A fragmentação da floresta aproxima animais silvestres das comunidades humanas, aumentando o risco de surtos zoonóticos. Prist destaca que a conservação das TIs é uma forma eficaz de diminuir a chance de futuras pandemias.
A pesquisa também revela que as TIs reconhecidas têm um impacto positivo na saúde da população. Quando comparadas às não reconhecidas, as TIs demarcadas demonstram melhores resultados na contenção de problemas relacionados ao fogo. A falta de reconhecimento territorial dificulta a gestão e a proteção dessas áreas.
Caminhos Sustentáveis
As pesquisadoras ressaltam que o manejo sustentável das comunidades indígenas promove benefícios para a saúde e a biodiversidade. A demarcação das terras indígenas é crucial para garantir a preservação das florestas e seus serviços ecológicos. Os dados obtidos podem influenciar a gestão pública, especialmente com a proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025.
A pesquisa também aponta para a necessidade de um programa panamazônico de monitoramento de doenças, já que a falta de dados consistentes entre os países dificulta a compreensão do impacto das TIs na saúde. A Amazônia, como um bioma transfronteiriço, requer uma abordagem colaborativa para enfrentar os desafios de saúde e conservação.