- A SLC Agrícola finalizou a maior operação de mensuração de carbono no agronegócio brasileiro, em parceria com a deeptech Fluere.
- O projeto abrange culturas como soja, milho, algodão e pecuária em 736 mil hectares de suas 23 fazendas.
- Em 2024, a empresa capturou mais de 500 mil toneladas de CO₂, um aumento de 122% em relação a 2019.
- O sistema monitora mais de 2 mil lavouras e processa mais de 50 milhões de registros, com 99% dos processos automatizados.
- A SLC Agrícola adota práticas de agricultura regenerativa e visa a neutralidade das emissões até 2030.
A SLC Agrícola, maior produtora de commodities do Brasil, finalizou a maior operação de mensuração de carbono no agronegócio nacional. O projeto, desenvolvido em parceria com a deeptech Fluere, foi anunciado à EXAME e abrange culturas como soja, milho, algodão e pecuária em 736 mil hectares de suas 23 fazendas. A iniciativa utiliza tecnologia avançada para gerar dados em tempo real sobre emissões e sequestro de gases de efeito estufa.
Em 2024, a SLC capturou mais de 500 mil toneladas de CO₂, representando um aumento de 122% em relação a 2019. Deste total, 48% das emissões do escopo 1 foram sequestradas apenas com o uso de plantas de cobertura. O sistema monitora mais de 2 mil lavouras, processando mais de 50 milhões de registros, com 99% dos processos automatizados. Tiago Agne, gerente de sustentabilidade da SLC, destacou que a confiabilidade dos dados transforma a sustentabilidade em uma vantagem competitiva.
O projeto, que começou em 2021 através do programa AgroX, contou com o apoio do CNPq e FAPESP. Após quatro anos de desenvolvimento, a tecnologia alcançou um nível de maturidade que pode transformar o setor. Anibal Wanderley, CEO da Fluere, ressaltou a complexidade da mensuração no agronegócio, comparando-a a outros setores. Ele também mencionou que, embora o agro não esteja formalmente no mercado de carbono, a demanda por rastreabilidade por parte de compradores europeus é crescente.
A SLC Agrícola adota práticas de agricultura regenerativa, o que contribui para sua menor pegada de carbono e aumento da produtividade. O sistema de monitoramento em tempo real permite avaliar o impacto positivo das operações em comparação ao plantio tradicional. A empresa visa a neutralidade das emissões até 2030. Um estudo da fama re.capital revelou que práticas como semeadura direta e uso de bioinsumos não apenas melhoram a saúde do solo, mas também reduzem a variabilidade da produtividade.
Entre 2017 e 2024, a produtividade média de soja e algodão da SLC superou em 12% as médias nacionais, com menor volatilidade. Fazendas que utilizam práticas regenerativas apresentaram menor variabilidade na produção, mesmo em anos críticos. A análise também apontou a necessidade de padronização de métricas para mensurar e valorizar a pegada de carbono, além de recomendações para a criação de instrumentos financeiros verdes que reconheçam a resiliência climática.