- A médica neonatologista Lilia Maria Caldas Embiruçu é reconhecida por seu trabalho humanizado no luto de famílias que perderam bebês, especialmente em casos de prematuridade e natimortalidade.
- Recentemente, no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, ela implementou práticas como a confecção de roupas e caixões para bebês falecidos, além de caixas de memórias.
- As roupas são tricotadas para atender bebês muito pequenos, e os caixões são feitos de madeira, decorados com retalhos de vestidos de noiva.
- Lilia também cria caixas de memórias com fotos e itens significativos, ajudando as famílias a manterem a lembrança de seus bebês.
- Essas iniciativas visam proporcionar dignidade e acolhimento às famílias enlutadas, promovendo a humanização no cuidado neonatal.
A médica neonatologista Lilia Maria Caldas Embiruçu tem se destacado por seu trabalho humanizado no luto de famílias que perderam bebês, especialmente em casos de prematuridade e natimortalidade. Recentemente, no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, ela introduziu práticas inovadoras, como a confecção de roupas e caixões para bebês falecidos, além de caixas de memórias, visando proporcionar dignidade e acolhimento às famílias enlutadas.
Lilia, que possui uma vasta experiência na área, começou a atuar com cuidados paliativos na década de 1980, durante a epidemia de Aids. “A mãe que tem um bebê natimorto é como se ela mesma fosse a urna desse bebê,” afirma a médica, ressaltando a complexidade emocional do luto. Em 2022, o Ministério da Saúde criou uma política de cuidados paliativos no SUS, e em maio deste ano, foi sancionada a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, que assegura apoio psicossocial a famílias que enfrentam a perda de bebês.
Iniciativas Humanizadas
As roupas confeccionadas por Lilia são tricotadas para atender bebês extremamente pequenos, que muitas vezes não têm roupas disponíveis no mercado. Além disso, ela elabora pequenos caixões de madeira, decorados com retalhos de vestidos de noiva, para que os pais possam enterrar seus filhos com dignidade. “Transformar a morte prevista em uma vida vivida é nosso objetivo,” explica Lilia.
Ela também cria caixas de memórias, que incluem fotos, cartas e outros itens significativos para ajudar as famílias a manterem a lembrança de seus bebês. Em um caso marcante, Lilia atendeu uma mãe que desejava que seu filho conhecesse o mar. Para atender a esse pedido, ela improvisou uma caixa de vidro com água do mar e conchas, levando um pouco do oceano até a UTI.
O Impacto do Luto
A psicóloga Daniela Bittar, especialista em luto materno, destaca a importância de lembranças para o processo de luto. “Quando um bebê morre dentro do útero, a dor da mãe é muitas vezes invisível para a sociedade,” afirma. Lilia também se recorda de um caso em que a mãe não quis ver o filho após o nascimento, mas meses depois, desejou uma imagem dele. A médica conseguiu um retrato falado do bebê, proporcionando à família uma conexão visual com a criança.
Essas iniciativas de Lilia Embiruçu não apenas oferecem conforto às famílias, mas também promovem uma reflexão sobre a importância da humanização no cuidado neonatal e no enfrentamento da perda.