- Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) alertam que o Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue e zika, pode se tornar mais perigoso com o aumento das temperaturas nas cidades tropicais.
- Um estudo realizado em Manaus simula condições climáticas previstas para 2100 e mostra que o mosquito pode crescer mais rápido e se tornar mais pesado com o calor.
- Em um cenário com aumento de 5°C, machos e fêmeas do mosquito apresentaram aumento de peso e maturação mais rápida.
- Os mosquitos em condições mais quentes também tiveram expectativa de vida reduzida. Novos estudos serão realizados para entender se essas mudanças afetam a capacidade de transmissão de doenças.
- A pesquisa levanta preocupações sobre a saúde pública, já que cidades atualmente frias podem se tornar hospedeiras do Aedes aegypti, aumentando o risco de surtos.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) alertam que o Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue e zika, pode se tornar mais perigoso devido ao aumento das temperaturas nas cidades tropicais. O estudo, realizado em Manaus, simula as condições climáticas previstas para 2100 e revela que o mosquito pode crescer mais rápido e se tornar mais pesado com o calor.
Os cientistas criaram colônias de mosquitos em quatro cenários diferentes, variando a temperatura e a concentração de CO2. No cenário mais extremo, com um aumento de 5°C, os pesquisadores observaram que tanto machos quanto fêmeas apresentaram aumento de peso e maturação mais rápida. Joaquim Ferreira do Nascimento Neto, líder do experimento, destacou que ainda não se sabe o motivo exato para essas mudanças, mas elas podem estar ligadas ao aumento do gasto energético do inseto em temperaturas elevadas.
Além do crescimento acelerado, os mosquitos que se desenvolveram em condições mais quentes também apresentaram uma expectativa de vida reduzida. Ferreira planeja novos estudos para investigar se essas alterações impactam a capacidade do Aedes aegypti de transmitir doenças. O foco será entender se os vírus se restringem ao intestino ou se conseguem alcançar as glândulas salivares do mosquito.
Impactos na Saúde Pública
A pesquisa do Inpa levanta preocupações sobre a saúde pública nas regiões tropicais. Com o aquecimento global, cidades que atualmente são frias podem se tornar hospedeiras do Aedes aegypti, aumentando o risco de surtos de doenças. Helen Gurgel, da Universidade de Brasília, apresentou dados que mostram um aumento significativo de eventos de ondas de calor em Belém e Manaus desde 2005, o que pode agravar a situação.
Ferreira também alertou que, em dias de calor extremo, o mosquito pode migrar para áreas mais frescas, como florestas, onde pode entrar em contato com outros organismos e potencialmente veicular novos patógenos. Essa dinâmica é preocupante, pois pode levar a epidemias severas, como já ocorreu com a Covid-19.
Os pesquisadores do Inpa também estudam o Anopheles darlingi, transmissor da malária, que pode se beneficiar das mudanças climáticas. A interação entre a piscicultura e a proliferação de mosquitos na Amazônia é uma nova área de investigação, visando desenvolver estratégias públicas para mitigar os riscos associados ao aumento da temperatura e à proliferação de vetores de doenças.