- Camilo de la Fuente, neurocientista mexicano, criou um laboratório no México que utiliza técnicas de imagem para diagnosticar e tratar precocemente episódios psicóticos.
- Ele começou sua carreira influenciado por um paciente com psicosis e se dedica a entender as causas neuroquímicas da esquizofrenia.
- O Laboratório de Psiquiatria Experimental, localizado no Instituto Nacional de Neurologia e Neurocirurgia, desenvolve marcadores de imagem para orientar o tratamento de jovens com sintomas psicóticos.
- De la Fuente observa que os medicamentos antipsicóticos tratam principalmente os sintomas positivos da esquizofrenia, enquanto os sintomas negativos e cognitivos permanecem sem tratamento adequado.
- Ele destaca a importância da intervenção rápida após o primeiro episódio psicótico e investiga a relação entre dopamina e glutamato, além de fatores como abuso na infância e pobreza que podem aumentar a predisposição à doença.
Camilo de la Fuente, neurocientista mexicano, está revolucionando o tratamento da esquizofrenia com um laboratório pioneiro que utiliza técnicas de imagem para diagnosticar e tratar precocemente episódios psicóticos. Influenciado por um paciente com psicosis, de la Fuente dedicou sua carreira a entender as causas neuroquímicas da doença.
O Instituto Nacional de Neurologia e Neurocirurgia, onde ele começou sua trajetória, agora abriga o Laboratório de Psiquiatria Experimental, que desenvolve marcadores de imagem para guiar a escolha do tratamento em jovens com sintomas psicóticos. Cerca de 250 mil dos um milhão de mexicanos com esquizofrenia não recebem a atenção necessária, segundo estimativas.
De la Fuente destaca que os medicamentos antipsicóticos, disponíveis há 70 anos, atuam principalmente nos sintomas positivos da esquizofrenia, como alucinações. No entanto, os sintomas negativos e cognitivos, como isolamento e problemas de atenção, não são adequadamente tratados. Para entender melhor esses efeitos, ele investiga a relação entre dopamina e glutamato, neurotransmissores cruciais no cérebro.
A clínica de de la Fuente oferece um atendimento único e gratuito, realizando tomografias e ressonâncias magnéticas para identificar alterações estruturais e níveis de glutamato. A rápida intervenção após o primeiro episódio psicótico é vital, pois é nesse momento que ocorrem mudanças neurofisiológicas significativas.
Além disso, o neurocientista ressalta que experiências de abuso na infância e fatores como pobreza e migração podem aumentar a predisposição à esquizofrenia. A prevalência é semelhante entre os sexos, mas os homens costumam apresentar os primeiros sintomas entre 16 e 25 anos, enquanto nas mulheres, entre 20 e 30 anos.
Com seus avanços, de la Fuente busca não apenas melhorar o diagnóstico e tratamento, mas também desmistificar a esquizofrenia, que muitas vezes é mal interpretada. Ele defende que é essencial entender as causas dos sintomas psicóticos para evitar diagnósticos errôneos e estigmas associados. Recentemente, ele foi agraciado com o Prêmio Global de Esquizofrenia, um reconhecimento de sua contribuição à pesquisa e ao tratamento da doença.