- A obesidade entre crianças e adolescentes superou a desnutrição pela primeira vez, segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
- A prevalência de obesidade globalmente atingiu 9,4% em 2025, enquanto a desnutrição ficou em 9,2%.
- As regiões mais afetadas incluem América Latina e Caribe, Oriente Médio, Norte da África e América do Norte.
- O estudo aponta um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, que são baratos e calóricos, mas com baixo valor nutricional.
- O relatório destaca que 20% das crianças e adolescentes estão com excesso de peso, um aumento de 50% desde o ano 2000.
Pela primeira vez na história, a obesidade superou a desnutrição entre crianças e adolescentes globalmente, conforme aponta um estudo do Unicef. O relatório, intitulado “Alimentando o Lucro: como os Ambientes Alimentares Estão Falhando com as Crianças”, revela que a prevalência de obesidade entre jovens de 5 a 19 anos alcançou 9,4% em 2025, enquanto a desnutrição ficou em 9,2%.
As regiões mais impactadas incluem a América Latina e Caribe, o Oriente Médio, o Norte da África e a América do Norte. O estudo, que abrange dados de mais de 190 países, destaca um aumento significativo no consumo de alimentos ultraprocessados, que são frequentemente baratos e calóricos, mas com baixo valor nutricional. Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso, alerta que a obesidade deve ser vista como uma nova forma de insegurança alimentar.
O relatório indica que 20% das crianças e adolescentes estão em excesso de peso, um aumento de cerca de 50% desde o ano 2000. A disparidade entre países de diferentes rendas é notável: enquanto nos países ricos o aumento foi de 1,2 vezes, nos países de baixa renda, o crescimento foi de 50%.
A Indústria Alimentar e Seus Efeitos
O estudo responsabiliza a indústria de alimentos pelo crescimento da obesidade, afirmando que ela inunda os mercados e influencia políticas públicas que dificultam a promoção de uma alimentação saudável. Stephanie Amaral, oficial de Saúde e Nutrição do Unicef no Brasil, ressalta que o país é um exemplo positivo em ações de rotulagem e no Programa Nacional de Alimentação Escolar, mas ainda há necessidade de proibir anúncios e a presença de ultraprocessados nas escolas.
Amaral também enfatiza a importância de um monitoramento mais rigoroso das alimentações nas escolas, que ainda permitem a entrada desses produtos. A mudança no cenário alimentar global exige uma resposta efetiva para garantir que as crianças tenham acesso a uma nutrição de qualidade, essencial para sua saúde e desenvolvimento.