- Mais de 80% dos adolescentes brasileiros vivenciaram traumas na infância, segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Bath, no Reino Unido.
- Cerca de 30% dos transtornos psiquiátricos nessa faixa etária estão relacionados a experiências traumáticas.
- Um levantamento da Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou que a prevalência de ansiedade entre crianças de 6 a 12 anos chegou a 35% um ano após o início da pandemia de COVID-19.
- Os atendimentos em saúde mental para ansiedade infantil superaram os de adultos no sistema público.
- A assistente social clínica Mollie Pinkham recomenda abordagens focadas no corpo e práticas de correlação emocional para ajudar as crianças a regular suas emoções.
Mais de 80% dos adolescentes brasileiros enfrentam traumas na infância, revelam pesquisas
Pesquisas recentes indicam que mais de 80% dos adolescentes brasileiros vivenciaram pelo menos um evento traumático até os 18 anos. O estudo, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Bath, no Reino Unido, destaca a relação entre traumas na infância e o aumento dos casos de ansiedade infantil.
Cerca de 30% dos transtornos psiquiátricos nessa faixa etária estão associados a experiências traumáticas. A assistente social clínica Mollie Pinkham explica que tanto a ansiedade quanto o trauma geram respostas de sobrevivência que limitam o acesso à parte superior do cérebro, dificultando a capacidade de raciocínio e resolução de problemas.
Um levantamento da Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou que, um ano após o início da pandemia de COVID-19, a prevalência de ansiedade entre crianças de 6 a 12 anos chegou a 35%. Outro estudo em Pelotas, no Rio Grande do Sul, mostrou que 81% dos jovens acompanhados passaram por pelo menos um evento traumático na infância, com um terço dos transtornos mentais diagnosticados aos 18 anos relacionados a essas experiências.
Abordagens para lidar com a ansiedade
Os atendimentos em saúde mental para ansiedade infantil superaram os de adultos no sistema público. Pinkham sugere que abordagens focadas no corpo podem ser mais eficazes para ajudar as crianças a regular suas emoções. Técnicas como exercícios de aterramento e regulação com frio podem ser úteis para restaurar a sensação de segurança.
Os pais desempenham um papel crucial nesse processo. Pinkham recomenda que eles se envolvam ativamente nas práticas de correlação emocional, como os “abraços de borboleta”, que ajudam as crianças a se sentirem mais seguras e conectadas. Criar um ambiente seguro e acolhedor é fundamental para que as crianças aprendam a regular seu sistema nervoso e enfrentem suas ansiedades de forma mais eficaz.
A combinação de conhecimento científico e apoio emocional pode proporcionar às crianças as ferramentas necessárias para superar os desafios da ansiedade e do trauma, promovendo um desenvolvimento emocional mais saudável.