- Secretarias de Saúde do Brasil alertaram sobre risco de desabastecimento de insulina em canetas aplicadoras no Sistema Único de Saúde (SUS).
- A insatisfação é com a qualidade das canetas reutilizáveis da empresa chinesa Zhuhai, que substituiu as canetas descartáveis da Novo Nordisk.
- Um documento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) indica que quinze secretarias estaduais relataram problemas com as canetas, que têm apresentado quebras e falhas.
- O Ministério da Saúde negou a falta de insulina e afirmou que todos os estados receberam 100% do medicamento solicitado.
- O ministério firmou contratos de R$ 570 milhões com a GlobalX e mantém um contrato de R$ 141 milhões com a Novo Nordisk, que se encerra no final de setembro.
Secretarias de Saúde de todo o Brasil alertaram o Ministério da Saúde sobre um risco iminente de desabastecimento de insulina em canetas aplicadoras no Sistema Único de Saúde (SUS). A insatisfação se concentra na qualidade das canetas reutilizáveis fornecidas pela empresa chinesa Zhuhai, que substituiu as canetas descartáveis da Novo Nordisk, devido à redução da produção desta última.
Um documento enviado ao ministério no dia 20 de outubro, assinado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), destaca que 15 secretarias estaduais indicaram a possibilidade de desabastecimento. Metade das 26 secretarias consultadas relatou problemas com as canetas reutilizáveis, que têm apresentado quebras e falhas. Muitas secretarias afirmam não conseguir atender nem 30% dos usuários.
O Ministério da Saúde, por sua vez, negou a falta de insulina e afirmou que todos os estados receberam 100% do medicamento solicitado. A pasta também informou que a mudança para canetas reutilizáveis ocorreu após a Novo Nordisk focar em produtos mais lucrativos, como canetas para emagrecimento. A GlobalX, representante da Zhuhai, defendeu a qualidade de suas canetas, que foram registradas na Anvisa após rigorosa avaliação.
Contratos e Fornecimento
Desde o ano passado, o ministério tem buscado alternativas para garantir o fornecimento de insulina, incluindo a abertura de um pregão internacional. Dois contratos, totalizando R$ 570 milhões, foram firmados com a GlobalX, além de um aditivo de R$ 71,3 milhões. Apesar das dificuldades, o ministério recebeu um novo lote de 320 mil canetas reutilizáveis e já iniciou a distribuição aos estados.
O governo federal também mantém um contrato com a Novo Nordisk, no valor de R$ 141 milhões, que se encerra no final deste mês. A empresa dinamarquesa reafirmou seu compromisso com o fornecimento de insulina e está em negociação com o ministério para garantir novos volumes.
Treinamentos e Sustentabilidade
Para facilitar a transição para as canetas reutilizáveis, o Ministério da Saúde, em parceria com a GlobalX, promoveu treinamentos e produziu materiais informativos para profissionais de saúde e pacientes. A iniciativa visa garantir o uso correto das canetas e a continuidade do acesso à insulina no SUS.
Além disso, o ministério investe na produção nacional de insulinas para reduzir a dependência do mercado externo. Parte da insulina distribuída no SUS resulta de parcerias com instituições brasileiras e empresas internacionais, fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde e a soberania do país.