- Pesquisadores da Universidade de Lincoln, na Inglaterra, descobriram que tartarugas-de-pés-vermelhos podem ter “estados de humor”.
- O estudo, publicado na revista Animal Cognition, sugere que esses répteis possuem emoções complexas.
- A pesquisa utilizou um teste de viés cognitivo para avaliar como as tartarugas reagem a situações ambíguas.
- Animais em bom humor interpretam essas situações de forma otimista, enquanto os de mau humor o fazem de maneira pessimista.
- A descoberta destaca a necessidade de melhorar as condições de vida de répteis em cativeiro, que muitas vezes vivem em ambientes inadequados.
Pesquisadores da Universidade de Lincoln, na Inglaterra, descobriram que tartarugas-de-pés-vermelhos podem experimentar “estados de humor”, desafiando a visão histórica de que répteis são incapazes de emoções duradouras. O estudo, publicado na revista *Animal Cognition*, revela que esses animais podem ter emoções complexas, o que levanta questões sobre seu bem-estar em cativeiro.
Utilizando um teste de viés cognitivo, a equipe avaliou como as tartarugas reagiam a situações ambíguas. Animais de bom humor tendem a interpretar essas situações de forma otimista, enquanto os de mau humor o fazem de maneira pessimista. No experimento, as tartarugas associaram tigelas vazias a recompensas, e a velocidade com que exploravam novas tigelas indicou seu estado emocional. As mais otimistas mostraram-se mais relaxadas em situações novas.
O especialista em comportamento animal, Oliver Burman, destacou que a capacidade de mudança de humor sugere que esses répteis podem sentir desconforto ou satisfação a longo prazo. Essa descoberta é um marco no entendimento da inteligência reptiliana, que, segundo Burman, foi subestimada ao longo da história. Estudos anteriores já mostraram que répteis podem aprender uns com os outros e formar redes sociais.
Implicações para o Bem-Estar Animal
A pesquisa também aponta para a necessidade urgente de melhorar as condições de vida de répteis em cativeiro. Muitos vivem em ambientes inadequados, com pouco enriquecimento, o que pode levar a sofrimento a longo prazo. Cientistas veterinários, como Manuel Magalhães-Sant’Ana e Alexandre Azevedo, consideram o estudo um “ponto de virada” para o tratamento sério de répteis.
A coautora Anna Wilkinson enfatiza que, embora não se possa afirmar com certeza que todos os répteis experienciam estados de humor, as evidências sugerem que isso pode ser verdade para outras espécies. A normalização do bem-estar insuficiente é um problema recorrente, e a pesquisa futura deve focar em como esses animais se comportam em ambientes enriquecidos, como “playgrounds” projetados especificamente para eles.