- Especialistas alertam para o risco de uma nova pandemia causada pelo vírus H5N1, que já é endêmico em aves e mamíferos nas Américas.
- A médica virologista Nacy Bellei, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca a adaptação do vírus aos humanos e a baixa taxa de vacinação contra a gripe entre idosos como fatores preocupantes.
- Desde 2022, os Estados Unidos registraram setenta casos de infecção por H5N1 em humanos, a maioria leve, mas a infecção ocular não deve ser subestimada.
- A interação do H5N1 com suínos, que possuem receptores de aves e humanos, aumenta o risco de recombinação genética do vírus.
- Vacinas contra o H5N1 estão disponíveis para grupos de alto risco, e vacinas de mRNA estão sendo desenvolvidas para facilitar atualizações em caso de mutações.
Especialistas alertam para risco de nova pandemia causada pelo H5N1
A possibilidade de uma nova pandemia, desta vez provocada pelo vírus H5N1, tem gerado preocupação entre especialistas. O vírus, que já é endêmico em aves e mamíferos nas Américas, incluindo surtos nos Estados Unidos, pode se adaptar aos humanos. A médica virologista Nacy Bellei, da Unifesp, destaca que a baixa taxa de vacinação contra a gripe entre idosos agrava o cenário.
Desde 2022, os EUA registraram 70 casos de infecção por H5N1 em humanos, a maioria leve, com sintomas como conjuntivite. Contudo, Bellei alerta que a infecção ocular não deve ser subestimada. O vírus da gripe aviária se liga a receptores presentes em aves e também no olho humano, o que pode facilitar a transmissão.
Cenário de risco elevado
O H5N1 é um vírus endêmico entre animais nas Américas, e a interação com suínos, que possuem receptores tanto de aves quanto de humanos, aumenta o risco de uma nova pandemia. A médica enfatiza que a vigilância em suínos é insuficiente, o que pode permitir a recombinação genética do vírus.
Além disso, a circulação do influenza entre humanos tem sido alta, com dados da Fiocruz indicando que 52% das mortes por síndrome respiratória aguda grave em 2023 foram causadas pelo influenza A. A taxa de vacinação entre idosos, grupo vulnerável, atingiu apenas 42%, o menor índice em seis anos.
Medidas de prevenção e vacinas
Embora o risco para a população humana seja considerado baixo, a combinação de um vírus endêmico e uma população pouco imunizada cria um cenário propício para a emergência de uma nova pandemia. Bellei ressalta que vacinas contra o H5N1 já estão disponíveis para grupos de alto risco, como avicultores, e que vacinas de mRNA estão sendo desenvolvidas para facilitar atualizações rápidas em caso de mutações do vírus.
Estudos indicam que infecções anteriores pelo H1N1 ou a vacinação contra a gripe podem oferecer alguma proteção contra o H5N1, mas a vigilância e a imunização são essenciais para mitigar os riscos.