- A obesidade é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares no Brasil.
- Uma nova diretriz brasileira foi lançada para avaliar o risco cardiovascular em adultos com sobrepeso ou obesidade.
- O documento, divulgado em 19 de setembro, é resultado da colaboração de cinco sociedades médicas, incluindo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
- A diretriz recomenda o uso do escore Prevent para calcular a probabilidade de eventos cardiovasculares em dez anos e introduz novas medicações, como agonistas do GLP-1 e tirzepatida.
- Apenas 15% da população brasileira tem acesso a esses tratamentos, e a diretriz busca ampliar o acesso a cuidados e promover hábitos saudáveis.
A obesidade é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e, no Brasil, sua prevalência é alarmante. Em resposta a essa crise de saúde pública, foi lançada uma diretriz brasileira inédita que visa a avaliação padronizada do risco cardiovascular em adultos com sobrepeso ou obesidade. O documento, divulgado na última sexta-feira (19), é fruto da colaboração de cinco sociedades médicas, incluindo a Abeso e a SBC.
O principal autor, José Francisco Kerr Saraiva, assessor científico da SOCESP, destaca que a diretriz busca ser uma ferramenta útil para diversos profissionais de saúde, não apenas para endocrinologistas e cardiologistas. A proposta é que todos os adultos com sobrepeso ou obesidade tenham seu risco cardiovascular avaliado de forma padronizada, utilizando o escore Prevent, que calcula a probabilidade de eventos cardiovasculares em dez anos.
Novas Abordagens no Tratamento
A diretriz também introduz novas medicações, como os agonistas do GLP-1 e a tirzepatida, que demonstraram eficácia na redução do risco cardiovascular. Marcello Bertoluci, coordenador do Departamento de Cardiometabolismo da ABESO, enfatiza que a perda de peso significativa, acima de 10%, está associada à diminuição de eventos cardiovasculares a longo prazo. A diretriz estabelece que uma redução de 5% já pode melhorar a pressão arterial e o perfil lipídico.
Entretanto, a acessibilidade a esses tratamentos é limitada, atingindo apenas cerca de 15% da população brasileira. Kerr Saraiva critica essa disparidade e pede que o governo não apenas aprove novos medicamentos, mas também implemente campanhas de promoção da saúde, especialmente nas escolas, para incentivar hábitos saudáveis.
Importância da Conscientização
A nova diretriz é uma resposta a uma necessidade não atendida da população, considerando que a obesidade é o fator de risco mais prevalente no Brasil. A avaliação do risco cardiovascular deve ser uma prioridade, pois um paciente com sobrepeso pode ter um risco maior do que outro com obesidade, dependendo das comorbidades associadas. A diretriz visa, assim, ampliar o acesso a cuidados e tratamentos adequados, promovendo uma abordagem mais holística e eficaz no combate à obesidade e suas consequências.