- A taxa de mortalidade por câncer colorretal no Brasil aumentou 47% nos últimos 20 anos, passando de 5,42 para 7,97 óbitos por 100 mil habitantes entre 2003 e 2023.
- O crescimento foi mais acentuado entre homens, com um aumento de 61%, enquanto as mulheres tiveram um crescimento de 36%.
- No total, 331.571 brasileiros morreram devido a esse câncer, com os óbitos subindo de 9.090 em 2003 para 24.773 em 2023.
- A pandemia de COVID-19 dificultou diagnósticos precoces, resultando em um aumento de 10,9% na mortalidade em 2023 em relação a 2022.
- Especialistas recomendam que pessoas a partir de 45 anos realizem exames de rastreamento, como colonoscopia, para detecção precoce da doença.
A taxa de mortalidade por câncer colorretal no Brasil aumentou 47% nos últimos 20 anos, passando de 5,42 para 7,97 óbitos por 100 mil habitantes entre 2003 e 2023. O crescimento foi mais acentuado entre os homens, com um aumento de 61%, enquanto as mulheres apresentaram um crescimento de 36%.
Os dados revelam que 331.571 brasileiros perderam a vida devido a esse tipo de câncer no período analisado. O número de óbitos saltou de 9.090 em 2003 para 24.773 em 2023. A partir de 2021, os homens passaram a ser a maioria das vítimas, uma mudança significativa em relação aos anos anteriores, quando as mulheres lideravam as estatísticas.
Fatores Contribuintes
Especialistas apontam que o aumento da mortalidade pode estar relacionado a diversos fatores, como a maior prevalência de doenças crônicas e hábitos de vida pouco saudáveis, incluindo obesidade, dieta inadequada e sedentarismo. O envelhecimento da população também é um fator relevante, visto que a idade avançada é um dos principais riscos para o câncer colorretal.
Além disso, os homens tendem a ser menos proativos em buscar cuidados médicos. Segundo Maria Paula Curado, chefe do Grupo de Epidemiologia e Estatística do Câncer no A.C.Camargo Cancer Center, as mulheres geralmente buscam atendimento médico mais cedo, o que resulta em diagnósticos mais precoces e melhores prognósticos.
Impacto da Pandemia
A pandemia de COVID-19 agravou a situação, dificultando o diagnóstico precoce. Entre 2020 e 2022, muitos exames foram adiados, resultando em diagnósticos mais tardios. Em 2023, a mortalidade por câncer colorretal cresceu 10,9% em comparação a 2022, um aumento muito superior à média dos anos anteriores.
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia recomenda que pessoas a partir de 45 anos realizem exames de rastreamento, como colonoscopia. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não tenha um programa estruturado para essa faixa etária, iniciativas estão sendo estudadas.
Aumento entre Jovens
Nos últimos anos, a comunidade acadêmica observou um aumento da incidência de câncer colorretal entre pessoas com menos de 50 anos. Embora as taxas de mortalidade ainda sejam menores nesse grupo, o crescimento é preocupante, especialmente entre os homens, que apresentaram um aumento de 44% em comparação a 40% entre as mulheres.
Fatores como o consumo de alimentos ultraprocessados e a obesidade são considerados causas potenciais para essa tendência. O diagnóstico precoce e a prevenção continuam sendo as melhores estratégias para combater a doença, que, se detectada em estágios iniciais, pode ter um tratamento mais eficaz.