- O Alzheimer afeta cerca de 1,2 milhão de brasileiros, gerando desafios para cuidadores, que na maioria são familiares.
- Um estudo recente indica que 83,6% dos cuidadores não recebem apoio financeiro, resultando em sobrecarga emocional e física.
- A pesquisa do Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (ReNaDe) de 2024 mostra que 57% dos cuidadores são filhos e 25,7% são companheiros.
- A presidente da Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), Elaine Mateus, defende a criação de políticas públicas para apoiar e capacitar cuidadores.
- O professor de Geriatria da Universidade de São Paulo (USP), Lucas Mella, destaca a falta de formação adequada para cuidadores, o que compromete a qualidade do cuidado.
O Alzheimer, uma doença neurodegenerativa que afeta cerca de 1,2 milhão de brasileiros, impõe desafios significativos aos cuidadores, que na maioria das vezes são familiares. Um estudo recente revela que 83,6% dos cuidadores não recebem apoio financeiro, enfrentando sobrecarga emocional e física. A situação é alarmante, com 71,4% relatando problemas emocionais e 45% apresentando sintomas de transtornos psiquiátricos.
Eric Braga Pedra, administrador de 46 anos, é um exemplo dessa realidade. Desde que sua mãe, Jacira, foi diagnosticada em 2015, ele abandonou sua carreira no Rio de Janeiro para cuidar dela em Salvador. Eric relata que a evolução da doença trouxe desafios crescentes, incluindo agitação e agressividade. Para lidar com a pressão, ele recorreu a cuidadores profissionais e obteve um homecare por meio da Justiça.
Desafios dos Cuidadores
A pesquisa do Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (ReNaDe), de 2024, destaca que 57% dos cuidadores são filhos e 25,7% são companheiros. A carga horária média dedicada ao cuidado é de 10 horas e 12 minutos diárias, e 65,7% ainda mantêm outro emprego. A presidente da Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), Elaine Mateus, enfatiza que 86% dos cuidadores são mulheres, muitas vezes sem capacitação para lidar com a situação.
A falta de apoio e reconhecimento do poder público agrava a situação. Elaine defende a criação de políticas públicas que garantam remuneração e suporte aos cuidadores, além de programas de capacitação. A realidade é que muitos cuidadores acabam adoecendo devido à sobrecarga, e a demanda por cuidados deve aumentar com o envelhecimento da população.
Necessidade de Capacitação
O professor de Geriatria da Universidade de São Paulo (USP), Lucas Mella, ressalta a carência de formação adequada para cuidadores. Ele aponta que muitos aprendem apenas pela experiência, o que compromete a qualidade do cuidado. A falta de profissionais qualificados é um desafio, especialmente em um cenário onde a projeção é que 5,7 milhões de brasileiros sejam diagnosticados com demência até 2050.
A cultura de cuidado familiar é forte no Brasil, mas Mella e Elaine acreditam que é essencial desenvolver uma rede de suporte que inclua cuidadores profissionais e espaços de convivência para idosos com demência. A abordagem deve focar em manter a dignidade e a autonomia dos pacientes, promovendo atividades que estimulem suas capacidades.