- A Declaração Política sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) da ONU, que será votada na Assembleia Geral, não reconhece a obesidade como doença, gerando críticas.
- A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Federação Mundial de Obesidade argumentam que essa omissão pode desconsiderar a importância do tema nas políticas de saúde pública.
- A Abeso defende que a obesidade seja reconhecida como uma doença crônica e que haja acesso a tratamentos eficazes, como os agonistas de GLP-1.
- No Brasil, 68% da população adulta tem sobrepeso ou obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025.
- A Federação Mundial de Obesidade alerta que os governos devem adotar ações concretas contra a obesidade para avançar no enfrentamento das DCNTs.
ONU ignora reconhecimento da obesidade como doença em nova declaração
A recente Declaração Política sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) da ONU, que será votada na Assembleia Geral, está sob críticas por não reconhecer a obesidade como uma doença. A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Federação Mundial de Obesidade argumentam que essa omissão pode desconsiderar a importância do tema nas políticas de saúde pública.
A Declaração Política sobre DCNTs
A nova Declaração Política sobre DCNTs, que será votada nesta semana durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), se tornou alvo de críticas por não reconhecer a obesidade como uma doença. O documento também não aborda o acesso a tratamentos já recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o Acceleration plan to stop obesity, que orienta os países a reconhecer a obesidade como doença, integrar sua prevenção e tratamento à atenção primária e implementar políticas de alimentação saudável, tributação de ultraprocessados e ampliação do acesso a terapias eficazes.
Posição das Entidades Médicas
Para a Abeso, os líderes globais precisam entender a gravidade da situação. Hoje, mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo e, se nada for feito, o impacto econômico da doença pode chegar a 3% do PIB mundial até 2030. “A obesidade não pode mais ser ignorada como um dos maiores desafios de saúde pública do nosso tempo. É necessário que governos assumam compromissos claros, baseados em ciência, para reduzir o impacto da doença e garantir políticas de prevenção e tratamento efetivas”, defende o presidente da Abeso, Fábio Trujilho.
Impacto no Brasil
No Brasil, o quadro também é alarmante: 68% da população adulta tem sobrepeso (IMC acima de 25) ou obesidade (IMC acima de 30), segundo estimativas do Atlas Mundial da Obesidade 2025, publicado pela Federação Mundial de Obesidade. Em 2021, mais de 60 mil mortes prematuras no País foram atribuídas a doenças crônicas relacionadas ao excesso de peso.
Alerta da Federação Mundial de Obesidade
Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso e presidente eleito da Federação Mundial de Obesidade, afirma que o fato de a ONU não reconhecer a obesidade como uma doença crônica na nova declaração faz com que o tema perca importância e acabe ficando de lado nas políticas de saúde pública. “Se não reconhecemos o problema, não teremos solução. O documento da ONU não reconhecerá a obesidade como doença e a deixará fora da discussão”, afirma Halpern.
Reconhecimento e Tratamento
A Abeso defende que a obesidade seja reconhecida como uma doença crônica e que haja acesso a tratamentos eficazes, como os agonistas de GLP-1, para frear o avanço do quadro e de enfermidades associadas. A entidade também reforça a importância de incluir a prevenção e o tratamento na atenção primária em saúde e de envolver pessoas que convivem com a obesidade na formulação das políticas públicas.
Apelo para Ações Concretas
Além disso, a Federação Mundial de Obesidade alerta que os governos devem cumprir os compromissos já assumidos e adotar ações concretas contra a obesidade. Sem essas medidas, não será possível avançar de forma consistente no enfrentamento das DCNTs.