Cientistas detectam arsênio e superbactérias em ostras consumidas no Brasil
O estudo revela a presença de bactérias resistentes e arsênio em ostras, aumentando os riscos à saúde pública no Brasil

Foto: Reprodução
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Ostras frescas vendidas em mercados de São Paulo e Santa Catarina foram identificadas com cepas de bactérias resistentes a antibióticos, incluindo a Citrobacter telavivensis, uma espécie nunca antes registrada em alimentos no Brasil. A pesquisa, publicada na revista Food Research International, foi realizada por cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP em parceria com o Instituto de Pesca.
Os pesquisadores analisaram 108 amostras de ostras, que são filtradores e, portanto, indicativos das condições ambientais. As análises revelaram a presença de bactérias classificadas como “prioridade crítica” pela OMS, devido à sua resistência crescente a antibióticos. Além disso, as ostras apresentaram níveis de arsênio entre 0,44 e 1,95 mg/kg, superando o limite permitido pela Anvisa, que é de 1 mg/kg.
Riscos à Saúde Pública
A combinação de resíduos de antibióticos e metais pesados, como o arsênio, pode favorecer o surgimento de superbactérias. Os pesquisadores chamam essa interação de “co-seleção”, onde bactérias adaptadas a um poluente se tornam resistentes a outros. A detecção da enzima CTX-M-15 nas cepas de C. telavivensis é especialmente preocupante, pois confere resistência a antibióticos de última geração.
Edison Barbieri, pesquisador do Instituto de Pesca e coautor do estudo, enfatiza a necessidade de um monitoramento ambiental mais rigoroso. “É fundamental que haja um maior monitoramento ambiental, não só do arsênio e metais, mas principalmente das bactérias resistentes”, afirmou.
Contaminação e Consumo
O consumo de ostras cruas aumenta o risco de infecções, especialmente entre grupos vulneráveis, como idosos e imunocomprometidos. A origem das ostras analisadas não foi determinada, dificultando a identificação da fonte de contaminação. Atualmente, a legislação brasileira sobre a qualidade das ostras limita-se à detecção de coliformes fecais, o que é considerado insuficiente pelos pesquisadores.
As ostras, por sua natureza de filtradoras, atuam como sentinelas ambientais, refletindo a contaminação da água em tempo real. Os dados levantados indicam que animais estão sendo infectados e morrendo por essas bactérias, o que pode ter consequências graves para a saúde pública.
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