- Zezé Motta, aos 81 anos, está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo com o monólogo Vou Fazer de Mim um Mundo, adaptação de Eu Sei Porque o Pássaro Canta na Gaiola, de Maya Angelou.
- A peça aborda abuso na infância e adolescência, racismo e identidade; a atriz afirma que os problemas vividos por Maya continuam atuais.
- A intérprete tem quase sessenta anos de carreira e mais de cem personagens, e encara o desafio de ficar sozinha no palco.
- A estreia no teatro aconteceu em 1968, com a peça Roda Viva, de Chico Buarque, e desde então Zezé Motta defende que a arte deve provocar reflexão social.
- Não pretende se aposentar, inspira-se em Fernanda Montenegro, que atua aos noventa e seis anos, e vê o monólogo como oportunidade de ampliar vozes sobre questões sociais.
Zezé Motta, uma das grandes referências da atuação no Brasil, está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em São Paulo com o monólogo Vou Fazer de Mim um Mundo. Aos 81 anos, a atriz, que possui quase 60 anos de carreira e mais de 100 personagens, enfrenta um novo desafio: estar sozinha no palco.
A peça é uma adaptação do livro Eu Sei Porque o Pássaro Canta na Gaiola, de Maya Angelou, que aborda temas como abuso na infância e adolescência, racismo e busca por identidade. Zezé, que também foi vítima de abuso, destaca a relevância da obra, afirmando que os problemas enfrentados por Maya ainda são atuais. “Infelizmente, as coisas mudaram muito lentamente em relação ao racismo e à violência contra a mulher”, comenta.
Vou Fazer de Mim um Mundo não é apenas uma performance; é uma reflexão sobre a condição da mulher e as feridas que ainda marcam a sociedade. Zezé relembra suas experiências pessoais, afirmando que toda mulher já sofreu algum tipo de violência. “Na minha vida, aconteceu na adolescência. Eu não sabia direito o que estava acontecendo, mas mais tarde percebi que era um abuso”, relata.
Desafios e Reflexões
A estreia no teatro aconteceu em 1968, durante a ditadura militar, com a peça Roda Viva, de Chico Buarque. Desde então, Zezé Motta se firmou como uma artista engajada, defendendo que a arte deve provocar reflexões sociais. “A arte não pode ser só para divertimento. Temos o dever de fazer algo para melhorar a sociedade”, afirma.
Mesmo após décadas de carreira, Zezé sente-se animada com a novidade do monólogo. “Estou achando ótimo, porque quando penso que não falta mais nada, vem uma novidade”, diz. A atriz não planeja a aposentadoria e se inspira em Fernanda Montenegro, que continua atuando aos 96 anos. Para Zezé, estar em cena é um privilégio e uma oportunidade de dar voz a questões que precisam ser abordadas.