11 de jul 2025
Guia para entender as gírias da Geração Z
Se você mal piscou e já apareceu uma nova gíria no seu feed, calma: a gente traduziu o dialeto da Gen Z pra facilitar a sua vida

(Imagem: Portal Tela)
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“Slay”, “POV”, “exposed”, “entregou tudo”
Se você se sentiu perdido ao ler essas frases, bem-vindo ao universo linguístico da Geração Z — uma terra onde cada semana inaugura um novo vocabulário, e toda frase pode virar meme, mood ou mantra.
Nascida entre a segunda metade da década de 1990 e o início dos anos 2010, a Gen Z cresceu cercada por Wi-Fi, timelines infinitas e memes em tempo real. Isso não só moldou sua forma de ver o mundo como também criou uma linguagem própria, hiperconectada, mutante e, para quem não acompanha de perto, indecifrável.
Mas afinal, de onde vêm essas palavras e por que elas se espalham tão rápido?
Você fala Z ou precisa de legenda?
A linguagem da Geração Z é um reflexo direto da sua forma de existir: veloz, visual, remixada e globalizada. Muitas gírias vêm de trends do TikTok, expressões do Twitter, bordões de reality shows ou memes virais. Outras surgem de universos nichados, como o gamer, o K-pop, o drag culture, o fandom pop, o stan Twitter ou mesmo o vocabulário de influenciadores.
A rapidez com que essas expressões surgem e morrem é quase impossível de acompanhar. Segundo levantamentos linguísticos globais, mais de 5.400 palavras novas são criadas por ano, mas apenas cerca de 1.000 entram de fato nos dicionários. O resto vive (e morre) nas redes.
E quando dizemos “morrem”, é no sentido mais literal: algumas gírias precisam mesmo ser enterradas depois de um tempo. Se usadas fora de contexto — ou fora de época — correm o risco de soarem ultrapassadas, forçadas, constrangedoras. Ou, como os próprios jovens diriam: cringe.
Os dialetos da internet
Antes das gírias que viralizam e ganham o vocabulário coletivo, existe uma camada mais profunda — e muitas vezes caótica — da linguagem da Geração Z. É o universo dos dialetos digitais, formado dentro de comunidades específicas, onde o que se fala nem sempre precisa fazer sentido literal.
Essas expressões nascem de vídeos, nichos, estéticas e memes, e funcionam como códigos internos de pertencimento. Elas carregam performance, ironia e um senso de humor que só faz sentido para quem compartilha o mesmo repertório online.
- “Delulu is the solulu” — virou quase um mantra emocional. Vem do inglês delusional e significa que a ilusão é a única solução ou a ignorância é uma benção. Usada em contextos amorosos onde a pessoa está 100% iludida, mas escolhe acreditar mesmo assim.
- “É sobre isso (e tá tudo bem)” — expressão resignada, usada para aceitar qualquer caos com um toque de elegância emocional. Funciona como ponto final irônico quando a vida desanda.
- “Entregou tudo” — usada para situações em que alguém foi impecável, certeiro, perfeito. Serve pra tudo: um look, uma atitude, uma resposta afiada ou uma performance.
- “Não sustenta a estética” — crítica sutil (ou nem tanto) a quem tenta bancar um estilo ou uma persona cool, mas falha.
- “Babadeiro”, “divos e divas", "babilônico” — diretamente ligadas ao universo drag e LGBTQIAPN+, essas expressões são propositalmente exageradas. Servem pra comentar algo impactante, caótico ou simplesmente hilário, sempre com muita teatralidade e ironia.
- “De guê”, “ce logo não compensa” — são distorções intencionais de frases comuns. Aqui, o humor vem da absurda falta de sentido, e o estilo é falar errado de propósito, criando uma metalinguagem debochada, onde a forma importa mais que o conteúdo.
- “Clean girls”, “aesthetic”, “unboxing” — termos importados do inglês, associados ao lifestyle visual das redes sociais. Representam uma estética organizada, minimalista e “perfeita” que pode ser usada tanto com seriedade quanto com ironia crítica.
Esses dialetos funcionam como mini linguagens paralelas, com vocabulário próprio e regras internas. São códigos que exigem contexto, timing ou um bom nível de ironia.
Dicionário Z em 20 verbetes
A seguir, reunimos algumas das gírias e expressões mais usadas pela Geração Z em 2025 (para você não parecer um boomer), desde as mais populares até as mais caóticas. Entender esse vocabulário é quase como aprender uma nova língua. Mas calma: a gente traduziu pra você.
- 10/10 — alguém muito bonito, nota máxima.
- A cara nem treme — quem mente sem vergonha, sem nem piscar.
- Aclamado — sucesso absoluto, ovacionado; algo que foi muito bem recebido.
- Boomer — apelido irônico para pessoas mais velhas que “não entendem os jovens”.
- CEO — pessoa que domina algo com maestria; “o CEO da maquiagem”, por exemplo.
- Cringe — algo vergonhoso, constrangedor ou “piegas”; motivo de vergonha alheia.
- Dar migué — dar uma desculpa esfarrapada ou enrolar alguém.
- Exposed — quando alguém é exposto publicamente, especialmente nas redes sociais.
- Foi de base — foi embora, caiu fora ou… morreu (em tom cômico).
- FOMO — sigla de Fear of Missing Out (medo de ficar de fora de algo).
- GOAT — significa Greatest Of All Time, ou seja, alguém que é considerado o melhor em sua área, seja esporte, música, ou qualquer outra atividade.
- Hitou — viralizou, fez sucesso; ganhou atenção ou popularidade online.
- Jantar/jantou — humilhou, venceu com argumentos ou atitude certeira.
- Juro — forma intensificada de afirmar algo com convicção dramática. Tem muitas utilizações**.**
- Lacrar — arrasar, causar impacto, fazer algo com excelência.
- Perdi/perdi foi tudo — algo muito engraçado; equivalente a “não me aguento de rir”.
- Photo dump — refere-se a uma publicação em formato de carrossel com várias fotos aleatórias ou não relacionadas, que não precisam ser altamente editadas ou com uma estética uniforme.
- POV — sigla de Point of View, usada para introduzir um vídeo em primeira pessoa ou um cenário fictício; também virou estilo de meme narrativo.
- Slay — gíria em inglês para “arrasou”, “dominou”; muito usada para elogiar performances ou visuais.
- Tankar — aguentar, suportar (vem do universo gamer).
Mas por que isso importa?
Estudar as gírias da Geração Z vai além da curiosidade linguística — é entender como essa geração se expressa, cria vínculos e participa da cultura digital. A linguagem, que sempre foi ferramenta de pertencimento e exclusão, hoje também é performance, meme, ironia e ativismo.
Expressões como “perdi foi tudo” ou “foi de base” condensam um modo de existir sob estímulo constante, em que a criatividade e o sarcasmo se tornam formas de lidar com o mundo. Se antes as gírias surgiam nas ruas e novelas, hoje nascem em vídeos de 15 segundos, moldadas por algoritmos e estéticas digitais.
Mas não se trata apenas de humor. A Gen Z também usa hashtags e memes para mobilizar debates importantes, como política, saúde mental, racismo e meio ambiente. Reduzir essa geração a estereótipos como “vício em celular” ou “dancinhas” ignora sua potência crítica, inovadora e engajada.
Como toda geração, ela causa estranhamento à anterior, como fizeram as gírias dos anos 80 ou o internetês dos anos 2000. Compreender essas mudanças é essencial para promover o diálogo entre as idades, especialmente em espaços como o trabalho. Um bom exemplo é o projeto GerarAção, da ESPRO, que discute as relações entre diferentes gerações no ambiente corporativo.
Seu vocabulário foi atualizado
Se você chegou até aqui, parabéns: você agora entende mais sobre linguagem jovem e cultura digital em 2025 do que muita gente que vive online 24/7.
E quando nada mais fizer sentido, quando o caos bater e a timeline virar um delírio coletivo…
Como dizem os próprios Zoomers: Juro, veyrer, o vocabulário muda tão rápido quanto a FYP atualiza. Piscou, tem trend nova — e gíria também.
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