01 de ago 2025
Quando a arte encontra o jornalismo (e vice-versa)
A trajetória de Mel Saliba une palcos, redações e redes sociais com sensibilidade, disciplina e paixão por narrativas

(Imagem: Portal Tela)
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No século XXI, vivemos uma aceleração sem precedentes dos processos de convergência e hibridação cultural, especialmente entre os campos da arte e da comunicação. Se por um lado o jornalismo ainda carrega, no imaginário coletivo, o compromisso com a objetividade, a clareza e a representação fiel da realidade, por outro, a arte sempre flertou com o simbólico, o sensível e o ficcional. À medida que esses campos se cruzam em práticas e linguagens, ganham força produções que borram fronteiras, misturam códigos e propõem novas formas de narrar o mundo. Neste texto, exploramos essa aproximação entre dois universos historicamente percebidos como distintos, mas cada vez mais entrelaçados na cultura contemporânea — como na trajetória de Mel Saliba, atriz, jornalista em formação e criadora de conteúdo, que transita com sensibilidade entre palcos, redações e telas.
Primeiro ato: o despertar da atriz
Mel Saliba ainda era adolescente quando sentiu o primeiro chamado dos palcos, e ele veio do outro lado do mundo. “Meu primeiro contato com a atuação aconteceu na escola, em Vancouver, no Canadá. Escrevia e apresentava monólogos, cenas em grupo... e amava aquele universo dos palcos e das câmeras”, conta. Mas, ao retornar para Vitória (ES), cidade natal com poucas oportunidades artísticas, esse desejo ficou adormecido. Foi em São Paulo, onde ingressou na ESPM para cursar Jornalismo, que a arte voltou com força.
Com incentivo da mãe e uma “bagagem de pesquisa secreta” sobre como se tornar atriz no Brasil, Mel ingressou na Escola de Atores Wolf Maya — e desde então, não parou mais. “A garota de Vitória, que talvez nunca tivesse a chance de trabalhar com o meio da atuação, foi aprovada. Hoje, depois de três anos de estudos, já sou formada e com DRT em mãos.”
Mel acumula experiências em gêneros diversos: do terror ao drama, passando pela comédia, que ela define como seu "lugar de paz". Mas não se limita: “Não é porque você acerta o timing de uma piada que não consegue emocionar o público em uma cena triste. A sensação de insuficiência do ator pode ser constante, mas quem colocava esse rótulo em mim... era eu mesma.”
Papéis que marcam e transformam
Um dos projetos mais intensos foi o longa Rehab – Além da Sombra, no qual interpretou Lis, uma jovem com transtornos alimentares e traumas familiares. “Foi um trabalho que exigiu muito de mim, vocal e corporalmente. Era uma personagem muito distante de mim, e eu sabia da responsabilidade de representar uma realidade que poderia ser a de quem assiste.”
No teatro, brilhou no musical Divino Maravilhoso, que aborda a Ditadura Militar sob a ótica da juventude. “Cantar, dançar e interpretar ao mesmo tempo não é tarefa simples. Mas ver o público em lágrimas, cantando junto, com ingressos esgotados antes da estreia… foi emocionante.”
Onde termina o roteiro e começa a pauta
Além de atriz, Mel também é jornalista em formação e já passou por veículos como Folha de S.Paulo, CNN e Record. Sua paixão? Contar histórias — seja no palco ou na redação. “Como atriz, não posso julgar a personagem. Como jornalista, não posso julgar a fonte. O que mudam são as linguagens.”
Esse olhar jornalístico, aliás, influencia seu processo criativo. “Me cobro para ser fiel ao texto do autor e ao que a narrativa exige. Mesmo como criadora de conteúdo, quando conto experiências minhas, trago esse senso de responsabilidade.”
Por outro lado, a disciplina do teatro também transformou sua relação com o jornalismo: “A atuação me ensinou o que era foco, compromisso e respeito coletivo. E isso é algo que o jornalismo anda precisando cada vez mais: o nosso lado mais humano.”
Encontrei um caos pra chamar de meu
A mudança de Vitória para São Paulo também foi decisiva. “Minha vida lá era boa, mas ‘fácil’. Aqui, é real, corrida, intensa. Conquistei em pouco tempo o que talvez nunca tivesse alcançado na minha cidade.” Hoje, Mel transita entre eventos culturais, gravações e apresentações. “Mesmo sendo metódica, que gosta de rotina, encontrei um caos pra chamar de meu.”
Se pudesse entrevistar alguém do meio artístico, a resposta é rápida: Dan Rosseto, diretor com quem já trabalhou em diferentes projetos. “Ele é um gênio de criatividade. Com pouco, faz muito. Aprendo tanto com ele, que não acho justo guardar só pra mim.”
Viver (e narrar) muitas vidas
Com múltiplos papéis na vida e na arte, Mel Saliba representa uma nova geração de artistas que se movem com naturalidade entre telas, palcos e redações. E como ela mesma define: “Ao escolher a carreira artística, você vive diferentes vidas, atua com pessoas de realidades diversas… e, quando vê, se torna uma pessoa mais humana.”
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